A população de um distrito de Manica, no centro de
Moçambique, onde foram destruídas 18 toneladas de 'cannabis' em 2011, ameaça
retomar o cultivo da droga face à inexistência de mercado para as culturas
alternativas.
"Felizmente constatamos que em Calombolombo já não
há produção de soruma ['cannabis'], mas há muito milho e hortícolas sem
mercado. A população está a entrar em desespero e chega-se a dizer que se não
resolvem estes problemas voltam a cultivar soruma.", disse hoje à Lusa
Agostinho Rotuto, procurador chefe provincial de Manica.
No ano passado, cerca de 200 hectares de campos
de cultivo de 'cannabis' foram desativados e a produção incinerada. Ninguém foi
detido, porque quase "toda a gente" estava envolvida.
A justiça concedeu "amnistia à população
envolvida", respondendo os apelos do governo, que desde então estimulou a
produção de culturas alimentares, disponibilizando sementes e tratores, para a
população deixar de cultivar 'cannabis', a sua principal fonte de rendimento.
Mas volvido um ano a população pede mercado para colocar
a sua produção e outras infraestruturas básicas, como estradas, escolas e
centros de saúde, para deixar de recorrer aos serviços prestados pelas
entidades do vizinho Zimbabué.
"Chamamos a população à consciência de que sendo
eles produtores da 'cannabis sativa 'poderiam estar a contas com a lei. Portanto,
há algumas questões que julgamos que, com algum esforço acrescido, o governo
pode contribuir para que a população não volte a plantar a soruma",
declarou Agostinho Rotuto.
A população produzia a droga para consumo,
comercialização e exportação, que foi descoberta e apreendida em grandes campos
de cultivo na região de Calombolombo, norte de Guro, numa operação
governamental para travar a produção daquele estupefaciente, proibido no país.
Nos campos de cultivo de 'cannabis', geralmente em matas
densas, os populares sobrepunham a cultura de milho, para disfarçar.
A droga tinha como mercados preferenciais a áfrica do Sul
e o Zimbabué.
AYAC
Fonte: Lusa
– 31.07.2012
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