A Universidade Lúrio (UniLúrio), sedeada na cidade de Nampula, pretende
implantar, na chamada capital do norte, um hospital privado de referência, com
capacidade para 70 camas.
Aquela instituição pretende ainda criar uma empresa que possa produzir feijão
e soja, em Unango, na província do Niassa. Embora sem precisar para quando tal
deverá ocorrer, o reitor daquele estabelecimento do Ensino Superior, Jorge
Ferrão, disse que a implantação da unidade hospitalar, na cidade de Nampula, e
da empresa, visa garantir a absorção dos quadros formados e facilitar a
comercialização destes dois produtos localmente.
Falando há dias, no decurso das cerimónias do 5º aniversário da criação e da
entrada em funcionamento da UniLúrio, Jorge Ferrão, explicou que a projecção da
unidade hospitalar de referência e da empresa de produção de feijão e soja, em
Unango, insere-se na implementação do plano estratégico daquele estabelecimento
do Ensino Superior.
A propósito da criação da empresa, em Unango, o reitor da UniLúrio, disse que
desde a sua entrada em funcionamento, aquele estabelecimento realizou 800 testes
de aflatoxina, possuindo já uma semente de soja livre de agro-tóxicos. Referiu
que, os referidos testes foram realizados no Centro de Estudos
Interdisciplinares Lúrio que gere o laboratório de segurança alimentar.
Para o reitor da UniLúrio, esta instituição deve continuar a apostar na
investigação e inovação, através dos cursos de mestrados, o primeiro dos quais
será de nutrição e alimentos que já conta com uma parceria da Universidade de
Minas Gerais, Viçosa e Lavras.
“Mesmo na área de Informática e da Arquitectura, tenho incentivado os colegas
para que se tornem mais agressivos e procurem o mercado, pois, não basta aquilo
que a nossa instituição colecta da pequena cobrança que faz aos estudantes.
Existem muitos projectos que estão a ser implementados, agora o que penso é que
deveria ser obrigatório para estas grandes empresas pagarem uma
taxa destinada à educação”, considerou Jorge Ferrão.
Num outro desenvolvimento, o reitor da UniLúrio disse que a grande falta de
mão-de-obra que hoje se propala, para essas grandes empresas, não é assim tão
sintomática como se fala, pois, entende que o país poderia “reciclar” pessoas
que estão formadas noutras áreas. A título de exemplo, disse que na área de
hidrocarbonetos fala-se da necessidade de quatro mil engenheiros, número que não
se forma num só dia.
“Temos pessoas, no país, que têm formação em determinadas áreas, mas que
necessitam de serem requalificadas para trabalharem nestes empreendimentos,
pois, entendo que possuem uma base científica para entender o que é uma
pesquisa, o que é uma investigação, enfim, têm alguma bagagem académica”, disse
o reitor da UniLúrio.
AINDA É LONGO CAMINHO A PERCORRER
Por outro lado, Jorge Ferrão reconheceu, igualmente, que apesar do
crescimento da instituição nestes cinco anos de existência, a UniLúrio está
longe de ser uma universidade de ponta que pode ombrear com as outras mais
cotadas no “ranking” internacional.
“Uma das estratégias que adoptamos para sair deste circuito de
menoridade, foi de procurar as grandes associações regionais e mundiais e, como
fruto disso, temos um convite para integrar a Associação Internacional das
Universidades, porque procuramos um lugar de afirmação àquele nível”, disse
Jorge Ferrão para quem, a consolidação da sua instituição, é uma grande aposta
para sua respectiva internacionalização.
Importa referir que, desde a sua instalação, em Nampula, a UniLúrio optou por
modelos mistos no seu processo de ensino e aprendizagem, com uma metodologia
clássica renovada, por um lado e, por outro, participativa e interventiva, que
não inclui apenas o estudante e os docentes, mas que também capitaliza o saber
fazer das pessoas que residem ao redor do espaço físico, usando as novas
tecnologias e da sua experiência local, vinculando a universidade às comunidades
locais.
“As jornadas interactivas agrárias de Unango, e Sanga no Niassa, fazem parte
deste processo de estabelecimento de uma universidade aberta, onde as
comunidades e os parceiros provam todo o seu saber e empatia pelo sistema
introduzido. A criação dos Gabinetes de Aconselhamento aos Estudantes (GAE´s) já
produz efeitos práticos e positivos”, disse Ferrão. (Luís Norberto)
Fonte: Jornal Notícias - 14.07.2012
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