O Presidente da República, Filipe Nyusi,
anunciou hoje que vai convidar formalmente, na segunda-feira da semana
corrente, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, o maior partido de oposição, para
um encontro tendo como principal ponto da agenda a busca de uma paz efectiva no
país.
Nyusi fez
este anúncio em Maputo, em resposta a um pedido formulado pela Igreja Universal
do Reino de Deus (IURD), durante um culto evangélico que contou com a sua
presença.
Foi aqui pedido para dar mais atenção ao
dossier da paz. Aceito porque assumi o compromisso. E digo que mesmo amanhã vou
fazer formalmente um convite ao líder da Renamo para falarmos, disse Nyusi.
Prosseguindo,
disse acreditar que as diferenças, nossas, as ideias estejam abaixo dos
interesses do povo. O povo quer paz, quer tranquilidade. Isso farei. O povo não
está de um lado. Está de todos os lados. O povo é este. O povo é também aquele
que segue ao Presidente da Renamo. E estes dois povos, todos, que se juntam e
formam o povo moçambicano querem a paz, querem o crescimento.
Aproveitou
a oportunidade para falar um pouco sobre a sua governação, que incide sobre
cinco pilares.
Pediu uma maior atenção para as duas
primeiras prioridades, mais concretamente a consolidação da unidade nacional,
paz e soberania e ao desenvolvimento do capital humano e social.
Em
relação à paz, o Presidente da República disse ser uma condição e um meio para
a garantia da estabilidade política, social e económica.
Com a paz e em paz, as energias dos povos são
encaminhadas para a promoção do desenvolvimento que os conduzirá ao bem-estar
espiritual e material, referiu, para de seguida
acrescentar com a paz, cada um dos cidadãos
moçambicanos concentrar-se-á na satisfação das suas necessidades (individuais e
colectivas), sem receios de qualquer ordem.
Para
Nyusi, com a paz todos os moçambicanos estarão preocupados em fazer mais e
melhor para o sucesso de Moçambique como nação e o bem-estar do seu povo.
Vincou
que o bem-estar espiritual deve ser complementado pelo bem-estar material, este
último que só se alcança com o trabalho e dedicação.
O Chefe de Estado agradeceu o convite daquela
confissão religiosa e encorajou à IURD a seguir em frente com as suas acções de
evangelho.
Prossigam
com excelente trabalho que vêm realizando e que tem iluminado várias vidas.
Continuem a contribuir para a consolidação da paz em Moçambique e em todo o
mundo, encorajou ele.
Comentando
sobre o culto evangélico, Nyusi disse tratar-se de um momento em que a fé
colectiva deve vencer o mal e transformar o ódio e a desconfiança em carinho e
confiança mútua. Esta mesma fé que deve continuamente manter os povos unidos.
O
Presidente agradeceu ainda o apoio e encorajamento recebido da IURD, durante a
campanha eleitoral, que culminou com a sua eleição para o cargo de Chefe de
Estado.
O culto
evangélico foi antecedido por uma visita ao edifício que alberga a sede da
Igreja. No final, o estadista moçambicano afirmou ter ficado bem impressionado
com o investimento que a IURD está a realizar no capital humano, através do
centro de formação profissional, permitindo que vários cidadãos recebam a
formação profissional específica a título gratuito.
É também
com pequenas e grandes contribuições como esta que pedra a pedra construímos o
nosso Moçambique. Só com uma visão clara, muito labor e tenacidade é possível
construir uma história de sucessos. E a Igreja Universal está a construir,
enalteceu.
Nyusi
disse estar ciente que Moçambique é um Estado laico, cuja filosofia assenta na
separação entre o Estado e as confissões religiosas. Não obstante a esta
laicidade, existe um relacionamento são e frutuoso entre o Estado e as
confissões religiosas, que têm sido um parceiro privilegiado na implementação
das políticas públicas, particularmente na área social.
Ciente
ainda do papel que estas têm desempenhado, para a promoção de um clima de paz,
bem-estar espiritual e material dos cidadãos e desenvolvimento económico e
social do país, explicou que foi por isso criado o Ministério da Justiça,
Assuntos Constitucionais e Religiosos, para dedicarem-se, de forma expressa, as
confissões religiosas, tendo presente esta separação.
O
Presidente Nyusi mostrou-se satisfeito pelo facto de a convivência entre
religiões ser um valor que os moçambicanos têm sabido elevar bem alto, com o
particular destaque na experiência que os líderes religiosos moçambicanos têm
emprestado aos processos de pacificação do país, com resultados bastante
positivos.
Por seu
turno, o Presidente da IURD, José Guerra, agradeceu a resposta positiva do
Presidente da República ao seu convite de participar do culto evangélico.
Na
ocasião, Guerra fez um breve o historial da IURD em Moçambique, cujo percurso,
em Moçambique, iniciou em 1992.
Disse
ainda que a IURD tem como uma das plataformas de actuação a realização de obras
sociais, tais como assistência às famílias necessitadas, crianças abandonadas
ou órfãs, presos e toxicodependentes, desenvolvendo actividades que compreendem
a organização e manutenção de programa de protecção às famílias.