Por Machado da Graça
o meio da proliferação de informação que começa a surgir a respeito das já
famosas dívidas secretas contraídas durante o mandato de Armando Guebuza, a
pergunta cada vez mais insistente é sobre onde foi parar todo esse dinheiro. O
Governador do Banco de Mo- çambique, Ernesto Gove, garante que nem um centavo
entrou nos cofres do seu banco e não tenho nenhuma razão para duvidar da
palavra dele.
Temos portanto uma quantidade enorme de dinheiro que saiu do Crédit Suisse
(Suíça) e do Vnesh Torg Bank (Rússia) e depois desapareceu como se fosse fumo.
Podem-me dizer que o dinheiro da EMATUM foi gasto nos barcos de pesca e de
vigilância da costa marítima, mas aparentemente, pelos preços indicados pelos
estaleiros fabricantes, isso não cobre nem metade do que lhe foi destinado. O
resto perde-se numa sequência de diferentes empresas todas elas incluindo a
designação EMATUM, com sede na Holanda, e em que não se sabe bem quem é o dono
de quê.
Como é que esse dinheiro acaba por ir parar, por exemplo, às empresas
Msumbiji Investments, domiciliada em Hong Kong e Timabes AG, registada no
Liechtenstein, ambas propriedade de Mussumbuluko Guebuza tendo sido utilizado
na compra de armamento em Israel.
Já anteriormente perguntei onde foi parar o dinheiro que não tem nenhuma
explicação de utilização até ao momento, como por exemplo, o destinado à
construção de dois estaleiros de reparação naval, um em Pemba e o outro em
Maputo. Do dinheiro pedido pela PROINDICUS para sistemas de radar e outros
instrumentos de protecção costeira, também não há conhecimento público de que
esses equipamentos tenham sido adquiridos e/ou instalados.
Tudo isto leva a que, cada vez mais, entidades defendam que estas dívidas
não devem ser pagas. É essa a posição das principais organizações não
governamentais do país, é igualmente a posi- ção dos dois partidos da oposição
parlamentar, a RENAMO e o MDM, e é já também a posição do representante da
União Europeia, Sven Von Burgsdorff, conforme expresso no Canal de Mo- çambique
de 6 de Julho de 2016. Contra essa posição temos apenas as declarações do Primeiro-
-Ministro Carlos Agostinho do Rosário que afirmou, recentemente, que o não
pagamento das dívidas acarretaria para o país consequências muito mais graves
do que o pagamento.
O Primeiro-Ministro, no entanto, não deu qualquer indicação sobre quais
seriam essas consequências.
Fonte: Savana – 08.07.2016