segunda-feira, março 20, 2023

Sobre os Cancelamentos - Mr Brown

Não se cancela apenas por não ter-se ido ao velório, mas por se ser cúmplice do sistema de opressão, exclusão, exploração e todo o mal que o Azagaia denunciava e por isso constituir a razão de marginalizá-lo.

Negue-se ou não, os excluídos conhecem os seus heróis.
Do meu ponto de vista, o cancelamento DEVE estar a estender-se aos familiares e amigos cúmplices que têm se exibido ao lado dos opressores. Quando estou em Mocambique tenho estado muito atencioso nos chapas, nas ruas, nos mercados, revistando o Diário de um Sociólogo, o Carlos Serra.

quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Nyusi promete estrada em Memba

A construção das estradas Memba-Alua (85 quilómetros) e Memba- Nacala Velha (57 quilómetros) figura no topo das prioridades do candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, para o distrito de Memba,  em Nampula.

Filipe Myusi escalou esta manhã os distritos da Ilha de Moçambique e Memba. Foi neste último que assegurou a construção de estradas e pontes como forma de facilitar a circulação de pessoas e bens.

Actualmente para se chegar a Memba, a partir da capital provincial, existem duas entradas – Nacala-a-Velha e Alua, no distrito de Eráti, na  Estrada Nacional Número 1. No entanto, estas rodovias sofrem interrupções no tempo chuvoso, o que dificulta a vida da população.

Filipe Nyusi prometeu melhorar as vias de acesso caso saia vitorioso nas eleições 15 de Outubro.

Depois de Memba Filipe Nyusi rumou para o vizinho distrito de Chiúri, na província de Cabo Delgado.


Fonte: Jornal Domingo, 09.10.2019

sábado, janeiro 28, 2023

Debater I

Pode ser que antes eu sabia debater com os amigos, mas já que não era de forma organizada e muito menos numa reunião com moderador, prefiro chamar de discutir. Debater na verdade aprendi no centro de formação de professores primários de Momola, em 1978 e agradeço muito por ter tido aquela oportunidade. Ali e pelo menos naqueles primeiros cursos forjava-se o homem para saber construir opinião e argumento.

Tínhamos frequentemente reunões de grupos, de turma e gerais. Discutíamos casos de violação de regulamento tanto pelos alunos (instuendos) como pelos formadores (instrutores) de forma aberta em reuniões gerais, quando fosse necessário. Havia vezes que esse tipo de reunião começava às 19:00 ou 20:00 horas, se bem que me recordo, para termirar às 7:00 do dia seguinte, altura que Isaias Mahache, o director (responsável político) dizia com o seu sotaque: “No meu “lerógio” são sete holas”.

O mais interessante é que as nossas particularidades, os nossos espíritos, se notabilizavam nesse processo de formação de um professor novo, em particular e de um cidadão, em geral. Havia alunos e muitos que aprendiam e aperfeiçoavam o sentido crítico, havia os que pareciam indiferentes ou com receio de manifestar as suas opiniões sobre alguns assuntos, havia os chamados reguilas ou indisciplinados e por último, outros em número muito pequeno, mas muito visíveis e barulhentos que tudo que diziam estava bem estudado para agradar à direcção do centro. Estes últimos são do tipo que hoje em dia chamamos de bajuladores, embora esta palavra não seja nova. O mais notável bajulador, era o J.P., um que falava tipo o Mafundisse da RM e nós sabiamos o que ia dizer sempre que levantasse, daí que se gritava “Lééénine”. Se ele pensava que era elogio porque estava à altura do político Vladimir Lénine, para nós era o mesmo que dizer: bajulador, lambebota. Já que nunca havia relação de proximidade entre os instrutores e instruendos, os primeiros deviam ter pensado que viamos o J.P., como um cidadão politicamente formado ou maduro.

Havia um outro, J.T. que quando fosse sobre alguma violação do regulamento propunha medidas severas como a de cavar trincheira. As violações mais notáveis eram de ir à população e comprar mandioca e ou amendoim para comer, colher laranja ou mesmo abandonar (fugir) o curso ou namorar. Namorar era raro porque praticamente não havia oportunidade. Quem fugisse do curso devia evitar de ser visto na cidade de Nampula para não ser recolhido ao centro com ajuda da polícia. Uma vez, trouxeram de volta, um colega que por sinal era do grupo de Nacala, o meu. Na reunião de apresentação do fugista, J.T. sugeriu as medidas muito severas como de rapar-lhe o cabelo, tendo em conta que naquela altura era estranho ver alguém com cabeça rapada, e, cavar trincheira. Uma semana depois, era o próprio J.T. a fugir para sempre.

Os reguilas, faziam tudo por tudo para serem expulsos do centro de formação, mas era a coisa impossível naquele tempo. No lugar de expulso era ser reprovado por indisciplina e obrigado a repetir o ano. Os, mais notáveis eram o P.T. e T. o T. até negou de dar aulas na escola anexa. P.T. que havia repetido o ano por insdiciplina era muito alegre para com os colegas, mas sempre dava respostas secas aos instrudores.

sábado, setembro 03, 2022

O lugar dos países africanos sob olhar de Prince Mashele

 Prince Mashele, do THE SOWETAN TIMES, escreveu sobre o pós-apartheid da África do Sul e faz a seguinte pergunta: O que podemos fazer a respeito?

“Em meio à confusão política que tomou conta de nosso país, muitas pessoas se perguntam se chegamos ao fim da África do Sul.
A resposta é simples: a coisa chamada "fim" não existe, não em relação a um país. SA estará lá muito depois que Jacob Zuma se for.
O que Zuma fez foi fazer-nos perceber que o nosso é apenas mais um país africano, não um país excepcional no extremo sul do continente africano.
Durante a presidência de Nelson Mandela e Thabo Mbeki, alguns de nós acreditavam que os negros da África do Sul são melhores do que os de outros países africanos.
Devemos todos agradecer a Zuma por revelar nosso verdadeiro caráter africano; que a ideia de Estado de Direito não faz parte de quem somos, e que o constitucionalismo é um conceito muito à frente de nós como povo.
De que outra forma podemos explicar os milhares de pessoas que se aglomeram nos estádios para bater palmas por um presidente que violou a constituição de seu país? Essas pessoas não têm ideia do constitucionalismo.
Agora que recuperamos nosso lugar como outro país africano, devemos refletir sobre e chegar a um acordo com nosso caráter real e imaginar o que nosso futuro pressagia.
Em um país africano típico, as pessoas comuns não esperam muito dos políticos, porque as pessoas se cansam de repetidas promessas vazias.
Em um país africano típico, as pessoas não têm ilusões sobre a unidade da moralidade e da governança. As pessoas sabem que aqueles que têm poder, o têm para si mesmas e para seus amigos e familiares.
A ideia de que o Estado é um instrumento para o desenvolvimento das pessoas, é um conceito ocidental, e tem sido copiado por bolsos de países asiáticos.
Os africanos e seus líderes não gostam de copiar do Ocidente. Eles estão felizes em permanecer africanos e fazer as coisas "do jeito africano".
O modo africano é governado por reis, chefes e indunas, em um ambiente de regras não escritas. Alguém já viu um livro de leis consuetudinárias africanas?
A ideia de que um plebeu possa levantar questões sobre o dinheiro público gasto na residência de um rei não é africana. Os parlamentares do ANC que têm defendido Zuma são verdadeiros africanos.
Pedir a um governante para ser responsável é uma ideia estrangeira - ocidental. Em uma situação em que há conflito entre um governante e as leis, os africanos simplesmente mudam as leis para proteger o governante. É por isso que nenhuma pessoa branca pediu que o rei Dalindyebo fosse libertado da prisão.
O problema com os negros espertos é que eles pensam que vivem na Europa, onde as ideias de democracia foram refinadas ao longo dos séculos.
O que precisamos fazer é voltar à realidade e aceitar que o nosso é um típico país africano. Esse retorno à realidade nos dará um uma ideia bastante boa de como será o futuro do SA .
Este país não se parecerá com a Dinamarca. Pode ser parecido com a Nigéria, onde os cruzados anticorrupção são uma raridade. Por ser um país africano, o nosso não se parecerá com a Alemanha. A África do Sul pode parecer o Quênia, onde o tribalismo impulsiona a política.
As pessoas não devem alimentar a ilusão de que chegará o dia em que a África do Sul se parecerá com os EUA. Nosso futuro está mais do lado do Zimbábue, onde um governante é mais poderoso do que o resto da população. Mesmo que Julius Malema se tornasse presidente, ainda seria o mesmo.
Os líderes africanos não gostam da ideia de uma população instruída, pois pessoas inteligentes são difíceis de governar. Mandela e Mbeki eram eles próprios corrompidos pela educação ocidental. (Admissão: este colunista também é corrompido por tal educação.)
Zuma continua africano. Sua mentalidade está de acordo com Boko Haram. Ele desconfia de pessoas educadas; o que ele chama de "negros espertos". Lembre-se de que Boko Haram significa "Contra a educação ocidental".
As pessoas que pensam que chegamos ao fim da SA, não percebem que realmente chegamos ao início de um verdadeiro país africano, longe das ilusões ocidentais de excepcionalismo. Aqueles que estão incomodados com esse verdadeiro personagem africano precisam de ajuda. O melhor que podemos fazer por eles é pedir-lhes que olhem para o norte do rio Limpopo, para aprender mais sobre governança na África.
O que inquieta a maioria das pessoas quanto ao futuro da África do Sul é que elas têm em mente os modelos ocidentais, esquecendo que o nosso é um país africano.
A ideia de que um presidente pode renunciar simplesmente porque um tribunal proferiu uma sentença adversa é ocidental. Apenas o primeiro-ministro da Islândia faz isso. Os governantes africanos nunca farão isso.
Analisada cuidadosamente, a noção de SA chegando ao "fim" é uma expressão de um sistema de valores ocidental - de responsabilidade, moralidade política, razão e assim por diante.
Todas essas são ideias elevadas de Sócrates, Kant, Hegel e assim por diante. Eles não são africanos.
Todos nós devemos agradecer a Jacob Zuma por nos apresentar a verdadeira República Africana da África do Sul, não algum posto avançado de valores europeus. "

sexta-feira, agosto 26, 2022

Reflectindo sobre eleicões livres, justas e transparentes em África

No caso de Angola

Meus caros compatriotas, caros africanos (pretos, brancos, amarelos, claros, escuros - ser africano não é por cor da pele), custa-nos com A e B dizer que um processo eleitoral decorre de forma livre, justa e transparente ou não?

Ora, os resultados de votos depositados nas eleicões de Angola PODEM ter aproximado à realidade. Mas elas foram mesmo livres, justas e transparentes? Para apurarmos a isso, precisamos primeiro definir claramente os três conceitos.
Digo aqui que dói-me muito ler posts ou comentários miseráveis de alguns ditos estudados (académicos) que daqueles analfabetos que escuto nos chapas ou nas aldeias recônditas. Mas também percebo do porquê os tais estudados, mesmo que amigos, evitam-me quando estou em Mocambique. EU CRITICO o que é mau severa e rigorosamente.
Liberdade, Justeza e Transparência em eleicões não significa determinar com antecedência quem ganha ou não, mas que o resultado reflicta nos três conceitos. A prior em África, muitos partidos no poder banem pública e impunemente os três conceitos até na hora de eleições. Repito, os partidos no poder banem a liberdade, justeza e transparência até na hora de depósito dos votos. Nessa altura, já lá estão os ditos observadores internacionais. Na verdade, até aquela hora, a maior fraude já foi consumada, incluindo a não credênciacão de observadores nacionais que lutam pela transparência. Infelizmente, pela facilidade que esses internacionais tiveram e por não saberem do que se passa com os nacionais, VÃO aos microfones, declarando que as eleições foram livres, justas e transparentes.
Nota: Como sempre, fiz a primeira correccão do texto.