Uma vez detidos os indivíduos descritos como sendo os operacionais na prática de crimes de rapto de pessoas, com enfoque para agentes económicos, que se vinham registando no país, as atenções das autoridades policiais viram agora para a procura dos respectivos mandantes.
Até aqui, segundo Pedro Cossa, porta-voz do Comando-Geral da PRM, o que se conseguiu foi prender cinco operativos que, interrogados individualmente, confirmaram o seu envolvimento nos 22 raptos registados nos últimos meses em diversas partes do país.
“A questão principal neste momento é saber quem foi o cérebro dos crimes. Os detidos confirmaram ser os operativos, mas falta-nos os mandantes. Com a colaboração dos operacionais queremos chegar até eles de modo a responsabilizá-los. A Polícia não vai descansar enquanto não desmantelar toda a teia de raptores” – garantiu Cossa, em declarações dadas ao jornal Notícias de Maputo.
A fonte do jornal sublinhou, entretanto, que com estas detenções pode-se dizer que “os raptos chegaram ao fim, uma vez que os principais executores estão todos eles na cadeia”.
“Poderá, numa eventualidade qualquer, surgir um e outro caso. A esses não poderemos atribuir a responsabilidade aos cinco operativos confessos, mas sim poderá ser a continuidade da acção dos mandantes que, com o poder financeiro que têm, podem contratar novas pessoas para executar este tipo de trabalho. É por isso que afirmamos que o nosso objectivo é chegar até aos cérebros deste tipo de crimes para pormos cobro a esta prática” – disse.
Entretanto, dez viaturas, seis das quais adquiridas como produto dos sequestros, duas armas de fogo do tipo pistola e três residências confiscadas é o saldo da operação policial que culminou com a detenção dos cinco operacionais.
De acordo com Pedro Cossa, quatro das dez viaturas apreendidas foram usadas pelos sequestradores para transportar as suas vítimas, enquanto as restantes são novas e foram adquiridas com o dinheiro pago pelos familiares para o resgate.
Ajuntou que, para além de a Polícia ter recuperado 13 biliões de meticais das mãos dos raptores na conta de uma só cidadã envolvida nos raptos foi possível encontrar 14 milhões de meticais. Interrogada pela equipa de investigadores ela confirmou tratar-se de valores resultantes dos raptos e que foi lhe entregue pelo grupo.
Por outro lado, a Polícia encoraja a todas pessoas, sobretudo aos agentes económicos que eventualmente tenham sido chantageados ou ameaçados pelos indivíduos ora detidos no sentido de apresentarem denúncias de modo a ajudarem nas investigações.
“Apelamos a todos aqueles que por motivos de segurança e por recearem ser raptados viram-se forçados a sair da cidade ou do país para que voltem e denunciem os actos praticados pelos raptores” – apontou Pedro Cossa.
No que se refere às casas confiscadas e que vinham sendo usadas para manter as vítimas no cativeiro, a Polícia indica que elas não são dos raptores, mas sim dos mandantes ora a monte. Como método que visava despistar a Polícia e os familiares, os sequestradores usavam-nas de forma rotativa.
“Tudo isso foi descoberto pela Polícia sem o envolvimento de nenhuma outra força, ou seja, pelos agentes da Polícia de Protecção e de Investigação Criminal. Até aqui não sentimos a necessidade de envolver outras forças, nem sequer a Interpol, embora a PRM seja membro de pleno direito desta organização. Porque as investigações estão a decorrer, caso se justifique poderemos solicitar ajuda, mas até aqui não se afigura pertinente” – acrescentou.
Para além dos cinco detidos, foram arroladas mais de dez pessoas que se acredita estarem ligadas a estes casos. Do grupo dos cinco moçambicanos detidos consta uma mulher funcionária de uma empresa privada, e ainda um filho de um Adjunto-Comissário da Polícia, cujos nomes vão continuar em segredo para não perturbar as investigações em curso.
Fonte: Rádio Mocambique - 19.07.2012
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