Em parte são muitos de nós e ouso em dizer que a maioria dos moçambicanos a serem julgados na BO. Se queremos ver o Estado Moçambicano fora da crise em que se encontra, temos também que reflectir quanto à nossa própria atitude, à nossa própria convicção sobre como o Estado Moçambicano deve ser gerido,
Na minha opinião, a relação entre os que estão sendo julgados agora revela a maneira como o Estado Moçambicano está sendo gerido desde os meados da década 80 e que está piorando em cada cinco anos, isto é, depois de cada eleição.
Os que estão sendo julgados na BO têm relações de parentesco, de amizade para não falar de camaradagem para tratar assuntos sérios de Estado, incluindo os que supostamente deviam ser assuntos de Segurança de Estado.
Primeiro, até nem interessa se algumas pessoas trabalha(va)m ou não neste e naquele sector. O mérito é ser familiar, amigo...
Segundo, mesmo que todos trabalhassem ou trabalhem no mesmo sector, ninguém tinha ou tem receio de ser denunciado por qualquer funcionário que se apercebesse ou apercebe da bolada. A nossa pergunta devia ser de como isso pode acontecer. Só pode ser que não havia ou não há denúncia que afectasse ou afecte aos defraudadores. A postura de alguns réus também revela isso.
Terceiro, mesmo da maneira como transacções de grandes valores fluíam ou fluem nos bancos é revelador.
Infelizmente, desde o advento da economia de mercado, os assuntos de estado moçambicano têm sido tratados como se fossem familiares, de clube de amigos, para não ir ainda muito longe. A tal confiança política levou o nosso Estado a esta situacão vergonhosa. Os que governam ou muitos dos que governam sabem o podre dos seus superiores e muitas vezes os subalternos (inferiores) são autores materiais em cumprimento do que é ditado pelos seus superiores. Quando se simula justiça, alguns autores materiais podem servir de bode expiatório. Mas atenção, a punição dos autores materiais há que ser leve e se possível sem grandes prejuízos para que eles não revelem os podres dos seus superiores.
Nota: o grande problema é muitos de nós não verem esta consequência de um estado de compadrio.