A cimeira de Maputo foi vista por muitos como a que, finalmente, aceitaria a Guiné Equatorial, que tem como presidente um homem considerado ditador, Teodoro Obiang Nguema Mbasongo, como seu membro efectivo, mas o Conselho de Ministros da CPLP, reunido ontem para preparar as resoluções a serem adoptadas hoje pelos Chefes de Estado, decidiu recomendar o adiamento da adesão daquele país à organização, segundo deu a conhecer George Chicoty, ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, que presidiu ao encontro.
Chicoty diz que esta decisão surge do facto de a Guiné Equatorial não ter registado melhorias significativas nas reduções dos níveis de corrupção, cumprimento dos direitos humanos, abertura para diálogo político e democrático, daí que recomendam àquele país que continue a implementar reformas na expectativa de que venha a ser admitido nas próximas cimeiras.
Na verdade, há grandes divergências no seio do bloco lusófono. Portugal não apoia a entrada da Guiné Equatorial nas actuais condições, posição diferente da do Brasil e de alguns países africanos, alguns dos quais que se encontram numa situação não muito diferente daquele país, como é o caso de Angola e, pior, Guiné-Bissau.
Há quem diga que o grande problema é o acesso ao petróleo guiné-equatoriano. É que o Brasil encontra-se numa posição privilegiada, sendo até um dos principais destinos do crude extraído dos poços da Guiné Equatorial, enquanto Portugal teria de fazer um grande esforço para se aproximar economicamente daquele país.
Uma fonte do Secretariado Executivo da CPLP terá dito à nossa reportagem que outra grande questão é que há uma grande desconfiança no seio da organização em relação às reais motivações que levam Teodoro Obiang a querer juntar-se à lusofonia. suspeita-se que seja no âmbito da tentativa de limpar a sua imagem junto da comunidade internacional, como fez com a UNESCO, ao patrocinar um prémio científico que leva o seu nome.
Fonte: O País online - 20.07.2012
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