Na sequência do trabalho operativo realizado pela Polícia foi possível
recuperar 22 viaturas, seis das quais mini-buses usadas pelos sequestradores
para transportar as suas vítimas. As restantes foram compradas com o produto
dos sequestros e mostravam a ostentação que o grupo exibia.
Um turismo de
marca Honda circulava com a esposa do cabecilha Angolano, e as restantes
andavam com os restantes membros da rede, contando-se Mercedes Benz, Toyota
Elegrand, Surf, Hilux, Corolla e Nissan, todos da última geração.
Foram ainda
recuperados 14 celulares que eram usados pelas vítimas nos seus variados
contactos tanto entre si, assim como com os familiares das vítimas.
O filho do
adjunto-comissário da Polícia envolvido no sequestro nega qualquer participação
sua nos raptos, sublinhando apenas que foi contactado por Angolano para o
transportar a troco de mil meticais.
“Nunca cheguei a
desconfiar que estava com raptores. Ele apenas é meu conhecido. Sou um
contabilista de profissão e não estou metido em raptos. Mesmo quando o
questionei sobre a necessidade de o levar de um ponto para o outro a troco
desse valor, ele (Angolano) não me falou nada de raptos, chegado ao ponto de
pretender suspender o frete porque eu estava a perguntar-lhe muito. Como eu
queria dinheiro, acabei aceitando e fui-lhe deixar onde ele queria. É só por
isso que estou detido. Não sei nada dos raptos” – apontou o jovem indiciado.
Por seu turno,
Angolano afasta qualquer envolvimento da sua esposa nos sequestros. Aliás, a
própria negou que alguma vez chegou a saber da participação do marido nos
raptos, admitindo apenas ter utilizado o dinheiro.
“Ele só vinha com
dinheiro mas sem nunca me dizer de onde provinha. Homem que é homem mente, por
isso que fui enganada. Mal o conheço porque estamos juntos há poucos meses. Eu
apenas recebia e utilizava. Já questionei e ele inventava justificações. São
várias coisas que ele comprava com o dinheiro” – disse a jovem debaixo de
lágrimas.
Entretanto, a
Polícia mostrou-se bastante encorajado com o decurso das investigações e
prometeu mais surpresas para breve. De acordo com Pedro Cossa, porta-voz do
Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique e que ontem trabalhou com a
Imprensa, sublinhou que o trabalho no terreno continua, de modo a colher mais
dados que possam esclarecer ao mínimo detalhe, tudo o que gira em torno dos
raptos que tiveram lugar nos últimos meses no país, em particular na cidade de
Maputo.
Na zona da Tricamo, no bairro de Mahlampsene, os sequestradores não
encontraram vida fácil para conseguir o arrendamento daquele que viria a ser o
terceiro cativeiro das suas vítimas. Primeiro foi o próprio Angolano que
contactou o proprietário da mesma, de nome A. Zandamela. Este exigiu um
contrato por escrito para poder ceder a casa.
Mesmo estando em
obras, Angolano insistia, segundo o dono, que queria arrendar aquele espaço
para habitar. Porque o proprietário teimava em assinar um contrato envolvendo o
seu advogado, Angolano acabou recuando na ideia e pediu a intervenção de uma
outra pessoa. Foi este intermediário, segundo Zandamela, que conseguiu
convencê-lo usando papéis de uma firma de negócios na praça e talões de
depósito. Ao ver estes documentos, Zandamela disse que aceitou assinar o
contrato com uma renda mensal de 25 mil meticais. A casa foi usada por três
meses para esconder parte das vítimas raptadas.
“Informei que a
casa estava em obras mas eles não quiseram saber. Arrendaram por três meses e nem
chegaram ao fim. Abandonaram o local sem dizer nada e nunca soube que a mesma
era usada para esconder vítimas raptadas” – disse o proprietário de uma das
casas usadas pela rede criminosa.
Entretanto, a
quarta casa onde supostamente foram guardadas as vítimas não chegou a ser
visitada pela Imprensa, visto que a Polícia ainda está a trabalhar no assunto.
(Com jornalnoticias.co.mz e imagens do Diário de
Moçambique) in Rádio Moçambique – 25.07.2012
Sem comentários:
Enviar um comentário