Este texto como alguns que sempre desconfiei estarem a pregar tipo de EVANGELHO fazem-me reflectir bastante. Este tipo de evangilização não é contra liberdades individuais e mesmo contra cidadania consciente?
Entendo neste texto, que o Amosse Macamo reconhece que os que ele chama de “Embaixadores da Desgraça” (seria cópia ao termo de apóstolos da Desgraça?) que “confirmam (apenas) os dados contidos em estudos de campo feitos entre quatro paredes”. Mas o autor deixa-me confuso ao afirmar ainda que os “Embaixadores da Desgraça” servem de primeiras fontes dos alegados estudos. Como é que eles podem ser as duas coisas ao mesmo tempo? Isto é, confirmam os dados e são também fornecedores dos mesmos?
Uma dúvida é quanto à pergunta que Amosse faz: “...E mais, como transmitir alguns factos (negativos) que internamente sabemos que são reais a quem é determinante para nós?...” Não sei se o Amosse respondeu a sua pergunta ou apenas ele não me convenceu.
Uma outra frase de Amosse de muito interesse é: “Alguns integrantes desta nova classe tem sido seleccionada dentre aqueles que não simpatizam com o governo de dia...”. E, eu pergunto-o se ele escreveu o texto por cidadania consciente ou por pura e simplesmente ser simpatizante do governo do dia? E já podemos desconfiar de desonestidade a todos os que pensam e agem como Amosse? Só que isso não é somente aos moçambicanos que estejam fora ou que vão para fora, mas para todos. Aliás, isto que insisto que todos nós temos os mesmos direitos e deveres excepto os membros do corpo diplomático e outros governantes que têm deveres acrescidos.
A minha percepção é que o Amosse (e outros) está a fazer esforço para obrigar os moçambicanos fora ou que vão para fora, em serem DESONESTOS e MENTIROSOS em nome da “honra do país”, só isso. Escrevo entre parentesis, porque não acho que isso tudo seja em nome da “honra do país”. Afinal quem realmente desonra o país? Há algum consenso sobre o que é honra do país? Não será o que deviamos debater?
Por outro lado, reconheço que o o conceito “honra” é uma questão cultural e quem viveu ou vive em sociedades multi-culturais, sabe disso. Na Ásia Oriental, por exemplo, geralmente um governante que se detectar corrupto, suicida-se, por reconhecer que desonra o seu país. Na China, os governantes culpados em casos de corrupção são muitas vezes condenados à pena capital. No Irão uma mulher que tiver relações extra-conjugais julga-se em ter desonrado. Há grupos étnicos em que denunciar práticas de roubo por algum membro da família julga-se como desonra à família...
Apesar de eu ter dito muito, questiono-me sobre o que logicamente se espera que um moçambicano faça fora como embaixador?? O que espera uma família quando um dos membros está fora da casa, se atendermos que o esforço de toda a família é de ser exemplar, preservando a honra? AQUI, excluo o exemplo do Viriato Tembe com quem uma vez discuti sobre o que ele insiste agora. O exemplo de Tembe é duma família de MÁ CONDUTA, suponho, que se esforça para que os filhos internalizem o que se passa em casa.
Pessoalmente, o que espero dos meus compatriotas fora do país como embaixadores, aliás, como representantes de todos nós, é que sejam trabalhadores, dedicados, assíduos e pontuais, estudiosos, tenham a vida organizada, não vivam de esmola, não sejam bêbados, ladrões ou que não consumam ou vendam drogas, entre as coisas boas. Esses moçambicanos é quem melhor representam o país e a maioria dos moçambicanos. De facto, a Embaixadora de Moçambique na Bélgica, Maria Manuela Lucas, já chegou de congratular-se por este tipo postura de moçambicanos naquele país.
Nota: Já tenho uma proposta de nomes para o oposto de “Apóstolo da Desgraça” e “Embaixadores da Desgraça”. Querem saber?
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