segunda-feira, novembro 08, 2010

Contenção de despesas afecta desfavorecidos (6)

MIRADOURO

Por Arlindo Oliveira
É QUE tudo quanto a gene saiba, as medidas de contenção de despesas públicas terminarão brevemente, já que o mês de Dezembro está prestes a bater-nos à porta. O que seguirá, só Deus é que nos poderá desvendar, uma vez que se trata do único justiceiro dos humanos.

Espero que os meus concidadãos me entendam, não estou contra as medidas que o Executivo tomou como deliberação para fazer face à revolta popular. O que me põe a girar a cabeça é tentar entender como é que o famoso plano económico e social para este ano terá o seu fim. Será que os seus desenhadores deram a mão ao relógio para inverter a marcha?

No meio desta barafunda toda, porque o povo se levantou e mostrou que é capaz de muita coisa, não em jeito de ameaça como Tio Afonso que, enfurecido pela derrota no último pleito eleitoral secreto e universal, deu mostra de que ainda não se esqueceu da AKM, pois, afirmara que iria incendiar o país, como se este Moçambique se tratasse de um ninho pessoal e de carácter privativo.

Na verdade, as medidas de contenção das despesas públicas, no lugar de beneficiar o funcionário ou agente da função pública, só se trouxeram transtornos. Estou a falar de um trabalhador comum da função pública. Não falo das superstruturas públicas que, embora se tenha dito que os dólares vão deixar de habitar nas suas contas, isso não é nada.

Não é nada porque, deixar de se pagar em dólares a um PCA, mas fazê-lo em moeda nacional, é como levar uma trajectória diferente, para se cortar a mesma meta. Alguém pensou assim: “ Vamos tentar deitar areia na vista desta gente, que nos chateia com reclamações. Está claro que nós lutámos para sermos ricos. Esses gajos que se danem. Vamos simular que as mordomias deixarão de existir. Vamos apresentar uma austeridade que só o ministro do tesouro sabe como fará”.

Até porque isso fosse feito de tal forma que o funcionário comum não fizesse uma leitura que lhe dá um desperto, não seria nada. É que aquele documento saído de lá daquele edifício que recebe sempre a brisa da baía do Maputo, está bem claro como água cristalina, ou melhor, límpida.

De ente várias medidas, o documento determina que não há progressões nas carreiras profissionais, não há mudança de carreira profissional e sei lá o que mais. O funcionário que havia esfregado as mãos, pensando que, concluído um nível de escolaridade ou académico, conheceria outra sorte salarial, bateu com o nariz naquele documento.

Fonte: Jornal Notícias - 08.11.2010

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