sábado, novembro 06, 2010

Contenção de despesas afecta desfavorecidos (2)

MIRADOURO

Por Arlindo Oliveira

Épa, não pretendo espantar fantasmas, mas a verdade deve ser dita. Ninguém está contra as medidas de contenção de despesas na função pública, ou melhor, nenhum indivíduo não entende que a despesa da Administração Pública deve ser racionalizada. Ora, racionalizar a despesa pública, no meu entender, não quer dizer, cortar. Se se cortar a despesa pública, significa que o plano do Executivo não será, integralmente, cumprido.
Aqueles que melhor entendem das linhas-mestras do Governo, já avançaram com cortes. Outros, já arrependidos, querem inverter o rumo do barco, já não quer atingir aquele porto de austeridade, em que algumas actividades ficarão por realizar, cuja justificação para o seu incumprimento nos irá remeter à Circular nº 05/GAB-MF/2010, de 9 de Setembro.

Espero que o competente Ministro das Finanças não venha a ser crucificado, amanhã, aliás, os seus colegas já estão numa boa. O titular da pasta das finanças já avançou com a justificação para não se cumprir com o que fora desenhado. Não temos dinheiro para a concretização das actividades que havíamos planificado. O ministro das Finanças mostrou a sua contundência. Quem vai contrariá-lo?

Se calhar, Mário Tique, se ainda estivesse lá na Direcção das Finanças da Matola, as direcções provinciais haviam de sorrir, pois aquele funcionário tinha poderes excepcionais. Manipulava os cofres a torto e a direito e a seu belo prazer. Só que, para mim, parece-me que um gato, aliás, um gato bravo está escondido, sem que o rabo ainda a gente veja. Um dia, como a mentira tem pernas curtas, saberemos de algumas cabeças do Tesouro que poderão rolar. É só uma questão de a gente esperar, aliás, ninguém perde por esperar.

Se Mário Tique receber a mão dura da Meritíssima Senhora Doutora Juíza do TPJPM, que julga o caso dele, pode ser que aquele funcionário “vomite” algumas verdades. Penso que os cabeças daqueles desembolsos desenfreados não apanham sono. Um dia, a “bomba” pode rebentar os estilhaços serão mesmo certeiros. Hoje em dia, a tecnologia belicista sinaliza os alvos e não falha. A não ser que ele seja um bode expiatório, apenas para aguentar com a barra. Espero que ele não seja traído, tal como está o mecânico do Alto Maé, que terá que ver o sol aos quadradinhos por uns longos 28 anos! Os mandantes, esses andam, de vento em popa. Cá entre nós, os mandantes não contam. O autor material é que nos interessa. Essa coisa de autores morais de um determinado acto ilícito, só serve de lições teóricas para os estudantes de Direito. Na prática, zero.

Fonte: Jornal Notícias - 02.11.2010

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