“Um homem bravo, grandemente democrático, mas é indeciso e não aberto a conselhos”
As informações divulgadas pelo sítio Wikileaks surpreendem cada vez mais o mundo, e África não é uma excepção. No caso concreto do Zimbabwe, consta da fuga de informação diplomática divulgada no sítio do australiano Julian Assange que os Estados Unidos da América (EUA) eram cépticos em relação à figura do actual primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, visto como um instrumento do Ocidente.
Estas revelações, segundo o Wikileaks, pertencem ao diplomata Christopher Dell, que disse que Morgan Tsvangirai é “um homem bravo, grandemente democrático, mas é indeciso e não aberto a conselhos”. Mais ainda: o diplomata a quem lhe foi dito para “ir ao inferno” pelo presidente zimbabweano disse que Tsvangirai tem um “julgamento questionável na escolha dos que estão ao seu redor”.
Segundo sugeriu o ex-embaixador dos EUA no Zimbabwe, o seu país devia tentar evitar um Governo de Unidade Nacional (GUN), uma vez que o mesmo poderia “perpetuar o status quo, em prejuízo de uma verdadeira mudança e reforma”.
Na esteira dos seus relatos, Dell disse que Tsvangirai é uma peça indispensável para o sucesso da oposição, mas, possivelmente, poderá tornar-se num albatroz no pescoço, assim que estiver no poder. “Em suma, ele tem um comportamento semelhante ao de Lech Walesa: o Zimbabwe precisa dele, mas não pode depender das suas capacidades executivas para liderar a recuperação do país”, escreveu o diplomata quando ia abandonar o cargo em Harare.
Quanto a Robert Mugabe, o diplomata norte-americano disse que o presidente zimbabweano é cruel, mas é “estratega brilhante”. Os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais impuseram sanções contra Mugabe e alguns membros da União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF), acusando-os de fraude nas eleições e de abusos contra os direitos humanos. (Redacção)
Fonte: O País online - 01.12.2010
7 comentários:
O wiki nao deixou uma marca dos camaradas?
marvin
Marvin,
Não sei, li algures que haviam mais de 900 artigos sobre Mocambique mas diz-se que não era fácil aceder os links.
Hehehehe,
É tudo isto uma comédia.
De vez em quando o Ocidente lança uns ossos para os cães (entenda-se "famintos") se distrair e divertir. Lá está...
Em Relações Internacionais aprendi, entre outras coisas, que nada acontece por acaso.
Zicomo
Afinal não era necessário ter conselhos de longe. Esta posição do embaixador dos EUA foi a minha e sempre tenho aqui declarado.
a) Apesar de tudo Tsvangirai não devia ter desistido a corrida na 2ª volta. Em África boicote não vale para nada.
b) Tsivangirai devia ter insistido para novas eleicões e não para pertencer num GUN nem que isso fosse para esperar mais cinco anos.
O Morgan furtou-se da segunda volta para não lhe "arrearem no focinho" mais uma vez.
Ele é um bocadinho "DÁSSE"!
O Mutambara é a estrela, só que desentenderam-se!
O Morgan tem espírito nacionalista, e poderia "rever"-SE TIVESSE O PODER as negociatas feitas entre membros do Zanu-Mugabe, com algumas holdings sul-africanas, que adquiriram em parceira e tomaram conta de boas plantações.
O Morgan furtou-se da segunda volta para não lhe "arrearem no focinho" mais uma vez.
Ele é um bocadinho "DÁSSE"!
O Mutambara é a estrela, só que desentenderam-se!
O Morgan tem espírito nacionalista, e poderia "rever"-SE TIVESSE O PODER as negociatas feitas entre membros do Zanu-Mugabe, com algumas holdings sul-africanas, que adquiriram em parceira e tomaram conta de boas plantações, que estão paralizadas.
Um nacionalismo diferente do velho Mugabe.
Ao fim e ao cabo ele não está a fazer nada até agora!NADA!
Mais valia ter ficado de fora, porque as grandes empresas investidoras ocidentais não tÊm feito NADA!Até já manobraram de mode que Zimbaweano para ir a RAS, tem de ter vISTO!NA SADC!??
Fungulamasso
Calha que nunca me inteirei sobre o desentendimento entre Tsvangirai e Mutambara, mas pode ser a posição deste último em relação a um GUN tenha contribuído para que o primeiro o aceitasse.
Na minha opinião, Mutambara complicou a situação da oposição ainda mais.
Penso que os desentendimentos entre Tsvangirai e a fragmentação do MDC merecem muito à nossa grande atenção ou isso devia merecer ou ainda devia ter merecido. A meu ver, aquilo e mesmo o que acontece em muitos partidos, é a falta da capacidade diplomática não no sentido de relacões internacionais, mas no sentido de finura, delicadeza. Muitas vezes, os nossos partidos da oposicão, ainda que saibam que não podem comprar consciência com bens públicos como fazem os partidos governamentais em África, dispensam-se de figuras diplomáticas, respeitadas e que constituem factor reconciliador.
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