SACO AZUL
Por Luis Guevane
As escolhas, a quantidade e a frequência de substituições bem como a altura em que as mesmas ocorrerem dependem do PR. Ao público (eleitor) cabe analisar abanando a cabeça afirmativamente ou negativamente mesmo sabendo que tal atitude em nada alterará a decisão tomada. Há plena consciência pública de que há um tabuleiro com as respectivas peças. E, quem manda escolhe as peças que devem dar brilho ao seu tabuleiro mesmo sabendo que só algumas brilharão positivamente.
O Ivo Garrido brilhou, deu o seu máximo. A sua saída como ministro da saúde foi aplaudida por uns e rejeitada por outros. Melhorou bastante aquilo que foi o desempenho no sector da saúde. Mostrou que é possível agir, de facto, como ministro e não como alguém que mais não é do que um fantoche. Os que aplaudiram a sua saída prendem-se com o facto de ter dividido a classe médica. Choques que iam manchando a sua imagem. Entretanto, no seu conjunto, as mudanças por ele operadas, representam um passo em frente no sector da saúde. Ele foi, sem dúvida, uma das peças que mais luziu no tabuleiro ofuscando, em certa medida(?), o próprio dono. Sim, brilhou no sentido positivo! Oxalá haja continuidade!
Pacheco saiu do Ministério do Interior e foi para o da Agricultura. Uma saída oportuna? Ao ter sido colocado no “Interior” não se sabia que o seu currículo era mais adequado ao Ministério da Agricultura? Que mudanças visíveis conseguiu ele operar no ministério que dirigiu? Flexibilizou as promoções dos seus quadros? Melhorou algo no que diz respeito aos equipamentos, logística, valorização social, etc? Para ele também houve aplausos pela sua saída do “interior”. Para estes nem à “agricultura” deveria ter sido colocado pois teve motivos suficientes para se demitir.
As manifestações de 1 e 2 de Setembro poderão ter contribuído, provavelmente, para o fortalecimento desses aplausos. No Ministério da Agricultura, de certeza que não se irá confrontar com a problemática de balas de borracha e nem com a questão de inquéritos sobre isto e aquilo. O problema agora será a atitude a adoptar diante da tão propalada revolução verde. Cria-se o rótulo e depois inventa-se o produto ou o contrário? O estímulo é o rótulo ou o produto? Os países vizinhos que o digam. A atitude a adoptar ditará os níveis de tensões, contradições e a velocidade de mudanças positivas em prol do desenvolvimento da agricultura. A continuar no tabuleiro deverá convencer aos cidadãos que merece o lugar que lhe foi confiado.
Ainda que prevaleça o princípio de que nenhuma peça é insubstituível no tabuleiro da governação é sintomático quando esta verdade começa a cair por terra. Peças com o disco já gasto e sem brilho, de facto, são insubstituíveis. Ovalizaram de tal forma o sistema que nenhuma nova peça poderá caber no lugar que já não lhes pertence. Será?
Cá entre nós: algumas das ditas “más linguas”, aquelas preocupadas com o princípio do equilíbrio governamental em termos de regiões, parecem preocupadas com continhas. Serão regionalistas? As contas preliminares apontam para um reforço do desiquilíbrio regional. Será? O importante é o equilíbrio regional ou a competência dos governantes? Ou o problema está no factor oportunidade? Esta focaliza (in)conscientemente apenas uma região?
Fonte: SAVANA in Diário de um sociólogo - 15.10.2010
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