Por Arlindo Mustafa (Quelimane) e Faustino Igreja (Blantyre)
O Adido Militar do Malawi em Moçambique, Coronel James Piters Talimping, foi detido e posteriormente posto em liberdade pelas autoridades moçambicanas na província central da Zambêzia, na passada sexta-feira, dia 22.
A detenção daquele diplomata ocorreu quando ele e mais três cidadãos, dois de nacionalidade malawiana e um sul-africano, ainda sob custódia policial, navegavam ilegalmente numa barcaça a motor ao longo do ramal do rio Chire, mais concretamente, em Megaza, distrito de Morrumbala, província da Zambêzia.
Manuel Filomão Zandamela, comandante Provincial da PRM confirmou a Rádio Moçambique em Quelimane, que a embarcação foi interceptado no dia 22 Outubro, pelas 10 horas, ido de marromeu em Sofala, tendo como destino final a localidade malawiana de Nsanje, onde no dia seguinte, sábado, deveria ser inaugurado um porto fluvial construído pelo Malawi.
O Adido Militar do Malawi foi detido por ter ignorado as ordens que haviam sido dadas pelas autoridades mocambicanas em conexão com a tentativa dos malawianos de navegar os rios Zambeze e Chire até Nsanje sem permissao do governo mocambicano.
Antes deste acontecimento, as autoridades moçambicanas interceptaram outras embarcações e deram ordens para que a viagem fosse interrompida até os devidos esclarecimentos, mas o Adido Militar do Malawi, teimosamente, decidiu por sua conta e risco, continuar com a jornada sem consentimento de Mocambique, alegadamente porque recebeu ordens do Presidente Bingu wa Mutharika para não parar com a viagem, porque o chefe do estado malawiano queria ver os barcos a atracarem no sábado, dia da inaguração oficial do porto de Nsanje.
Presume-se que James Piters Talimping, para agradar o presidente Mutharika, arriscou-se ao máximo, atropelando dessa forma as leis e as autoridades moçambicanas.
Observadores acreditam que o governo do Malawi está a agir com base na força, ignorando por completo o papel e a posição de Mocambique no Projecto do porto fluvial de Nsanje, particularmente, a necessidade da realização de um estudo de viabilidade e de impacto ambiental, antes da navegação dos rios Chire e Zambeze.
No sábado último, mesmo sem a chegada dos barcos, Bingu wa Mutharika inaugurou a primeira fase dos trabalhos de construção daquele empreendimento portuário, cerimónia que foi marcada pela ausência de uma representação moçambicana proveniente de Maputo. Estiveram presentes os chefes de estado do Zimbabwe e da Zâmbia e do pais anfitrião.
Algumas fontes dizem que o problema é que o Malawi quer fazer tudo à força, até num país alheio, violando a soberania do Estado mocambicano, devido a arrogância do Ngwazi Mutharika, e também da falta de gênio e alma diplomática por parte dos malawianos, que durante décadas nunca tiveram uma experiência para lidar com assuntos diplomáticos, porque a diplomacia malawiana era orientada pelos regimes colonial e do Apartheid.
Fonte: Rádio Moçambicana - 25.10.2010
2 comentários:
Tanto problema por causa do tal estudo... mas não é preciso estudo nenhum quando decidem construir um porto no sul...
Eu também não compreendo as razões desta guerra que já me parece israelo-palestino.
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