Rixas políticas na Zambézia.
A
população não gostou de ouvir o governador a tentar “roubar” protagonismo pelo
desenvolvimento de Quelimane que, quando discursava, foi reiteradamente vaiado
e desmentido pelos munícipes.
O Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, na província
da Zambézia, celebrou, ontem, 70 anos de sua elevação à categoria da cidade. As
festividades desta efeméride foram marcadas pela troca de acusações entre o
governador da Zambézia, Francisco Itai Meque, e o edil da cidade, Manuel de Araújo.
Não é apenas o 21 de Agosto de 1942
que entra para história de Quelimane pela sua elevação à esta categoria, mas
também o deste ano (ontem), já que, pela primeira vez, o governador provincial
tentou boicotar a festa, alegando ter outras ocupações durante o dia.
Assim, a deposição da coroa de
flores na praça dos Heróis deu-se na ausência do governador da Zambézia,
Francisco Itai Meque. Porém, acabou por chegar, mas tarde e depois do início do
programa.
De Araújo
acusado de vender Quelimane
Durante o comício popular, organizado pelos 70 anos, Itai
Meque tentou chamar até si o protagonismo pelo desenvolvimento de Quelimane. “chamou”
atenção à população para que tenha atenção às parcerias que a edilidade celebra
com algumas entidades estrangeiras, sob risco desta vender aquele município.
O governador afirmou ainda, em viva
voz, que se os munícipes não fizerem algo, a cidade poderá ser arrancada pelos
cidadãos de outros países.
“Quando a oferta é demais, o povo
desconfia. Munícipes fiquem de olhos bem abertos, porque podemos perder a nossa
cidade”, disse Itai Meque, acrescentando que “a questão de tapamento dos
buracos nas estradas de Quelimane é realizada com fundos do governo provincial
e não do município. Alguns feitos, como expansão da água potável e energia são
acções que o Governo tem estado a fazer”.
Por seu turno, Manuel de Araújo, edil de Quelimane,
não deixou impune estas acusações. Na sua intervenção, que se seguiu a de Itai
Meque, disse que se o governador critica as parcerias com os países de fora, o
que se pode dizer das do Governo central.
“Será que o Executivo central, que
celebra contratos, até de créditos para vários fins, está a vender o país? se
for assim, senhor governador, o país já foi vendido há muito pelo governo
central”, retorquiu.
O presidente daquele município
desmentiu, duramente, a tentativa de virar os munícipes contra a edilidade,
afirmando que a nova cara de Quelimane é resultado do seu esforço e da
população.
“Sobre o projecto de tapamento de
buracos na cidade, não é verdade a afirmação do governador, porque no passado
havia problemas sérios e o que se dizia era que os buracos eram de Pio Matos e
não era problema do governo provincial”, sublinhou De Araújo.
de Araújo diz que o desenvolvimento
de Quelimane resulta de um investimento municipal com os seus parceiros
nacionais e estrangeiros.
“Os munícipes não se podem distrair
com o discurso do governador, porque ele é meramente político e não tem nenhuma
base concreta”.
Entretanto, a população foi a
primeira a não gostar de ouvir o governador da Zambézia a tentar “roubar”
protagonismo pelo desenvolvimento desta cidade. Desta feita, quando o mesmo
discursava e atirava farpas, foi reiteradamente vaiado e desmentido pelos
munícipes.
Alguns munícipes disseram que mais
do que saber quem está a fazer, é saber e ver o que está a ser feito.
“Se é a Frelimo, a Renamo ou MDM não
interessa. A cidade de Quelimane esteve muito tempo parada e, por isso, o mais
importante são as realizações e a melhoria de vida”, afirmou um munícipe.
A cidade foi brindada com a presença
da Alta Comissária da República Unida da Tanzania, Fhamin Myamduga.
Divisões nas
celebrações
Para além desta crispação, cada partido político
comemorou à parte. A Frelimo esteve no bairro popular, isolando-se das
celebrações centrais. Doutro modo, o MDM e a população encontravam na avenida
da Marginal, local onde também aconteceu um mega-concerto de Stewart Sukuma,
Valdemiro José, entre outros músicos locais...
Desafios
Apesar destes atritos, o edil diz-se confiante de que a
vida dos munícipes vai melhorar ainda mais. Assim, apontou como principais
desafios a criação de ambiente de negócio por forma a que os empresários
nacionais e estrangeiros invistam ainda mais em Quelimane, para dar emprego à
juventude e não só.
De Araújo indicou ainda a
necessidade de continuação com o projecto de construção de infra-estruturas
como estradas, escolas, centros de saúde.
Expansão do abastecimento de água
potável, da energia eléctrica e melhoria da sua qualidade são outras questões
que ainda preocupam as autoridades da urbe.
Mesmo assim, De Araújo diz que
Quelimane está de boa saúde, e a guerra é continuar a melhorar a vida das populações.
Governo VS
município
Recorde-se que, recentemente, o edil
de Quelimane, Manuel de Araújo, mostrou-se indignado com o comportamento de
alguns membros do executivo de Itai Meque, designadamente directores
provinciais, alegadamente pelo facto de não estarem a colaborar com a sua
governação em caso de solicitação de explicações ou intervenções por parte dos
mesmos.
Manuel de Araújo é do MDM e
conseguiu derrubar a Frelimo da gestão daquele município, facto que causa
atritos de ordem político-partidária.
Fonte: País onlineO – 22.08.2012
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