Depois do levantamento popular de Janeiro, a Vale e o governo prometeram
corrigir os erros nas casas construídas em Cateme para reassentar mais de 700
famílias.
Fizeram-no, mas as rachas e a inconsistência voltaram a aparecer. Nalgumas
casas, a energia eléctrica chega em cabos enrolados em ramos frágeis. As
populações não escondem o desapontamento.
Poucos meses após as obras de correcção das
habitações construídas para acomodar mais de 700 famílias, em Cateme, Tete,
algumas casas apresentam já rachas e inconsistência devido à falta de
fundações.
As mais de 700 famílias foram transferidas da
cidade de Moatize, em 2010, para dar lugar a um projecto de carvão desenvolvido
pela mineradora brasileira Vale. Vivem em mais de mil habitações, a 37
quilómetros da cidade de Moatize.
“O País Económico” visitou, semana passada, várias
habitações intervencionadas e confirmou as rachas reabertas, a falta de
fundações e a inconsistência, evidenciada pelo chão exterior, que se encontra
separado da terra.
O terreno de área castanha em Cateme é seco, com
pequenas pedras, e produz muita poeira. Abrir a terra é difícil, exige
equipamento próprio, tendo em conta que as chuvas são irregulares.
As rachas surgiram, principalmente, um pouco
abaixo da cobertura das habitações, nos murros das varandas e no chão exterior.
Curiosamente, segundo depoimentos das populações, nos mesmos lugares onde os
defeitos surgiram pouco depois da construção das casas.
Os cabos de energia eléctrica, nas ruas mais
abaixo da entrada principal da povoação, estão enrolados em ramos frágeis, com
todo o risco de ruírem, se uma pequena tempestade ou chuva se fizer sentir.
O transporte regular é assegurado por autocarros
dos Transportes Públicos de Maputo (TPM), segundo a nossa equipa de Reportagem
constatou nas escritas colocadas nas laterais daqueles meios
circulantes.
A situação, especialmente as irregularidades nas
habitações, deixou desapontada a população de Cateme, que questiona a qualidade
do equipamento utilizado para as correcções.
Manuel Torres, reassentado na primeira leva de
populações que deram lugar ao projecto de carvão controlado pela Vale, viu as
rachas da sua casa serem cobertas por cola.
Fonte: O País online – 13.08.2012
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