Por Padre Zé Luzia, Nampula
Mais uma vez, quero felicitar-vos pela atitude ética que vislumbro no vosso
trabalho. Para mim, a pedra de toque a este respeito, foi a facilidade com que
vos apercebestes da desinformação inicial sobre o caso “OS PADRES DE NACAROA”.
Renovo a minha solidariedade com Falume Chabane juntando a minha voz à de
todos aqueles que pelo mundo se indignaram com as pessoas da (in)justiça que
tão descaradamente atropelam os mais elementares direitos de quem luta por
causas justas em defesa, ainda por cima, de menores, vítimas de discriminação,
como era o caso.
Que espécie de juiz é esse que premeia um crime de discriminação com o
direito à indemnização?
No entanto, agradecia-vos, se algum de vós tivesse uns momentos,que nos
informassem, expressamente, qual tem sido a reacção de instituições
moçambicanas.
Vocês dão-se ao trabalho, e bem, de nos informar sobre o eco que o vosso
trabalho tem além-fronteiras. Já seria possível saber qual é oposicionamento da
Ordem dos Advogados de Moçambique? E será que a Procuradoriada República não
teria, também, alguma obrigação de intervenção perante um caso de clamorosa
(in)justiça contra um cidadão moçambicano lutador por cuasas justas e nobres. É
que, o que está em causa não é apenas o direito e a pessoa do injustamente
condenado Chabane. Não tenho dúvida de que o maior travão ao desenvolvimento
dito sustentável neste país é o MEDO. Isso, o Medo! Perante amonstruosidade de
ver uma pessoa de bem condenada na barra do tribunal não tenho dúvida nenhuma
que se consolidarão na sua resignação todos aqueles e todas aquelas que nas
mais diversas circunstâncias de injustiça, seja em que domínio for da vida
nacional continuarão repetir o fatídico estribilho “QUE FAZER?”.
Aproveito para vos fazer uma crítica sobre uma notícia também constante no jornal
em referência: Bongece homenageado na Beira. Parece-me que esta notícia comete um
erro grave na medida em que não identifica quais são as organizações religiosas
que aderiram a este acto claramente partidário. As omissões também são tomar partido.
Reconheço, obviamente, ao autor da notícia – e ao próprio jornal, se assim o declarare
m – essa “tomada de partido” por um partido. Mas considero omissão jornalística
grave ocultarem a identidade das ditas organizações religiosas aderentes.
Fico, pois, na expectativa da vossa informação. Cordias Cumprimentos.■
Fonte: O Autárca – 22.08.2012
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