Mais de mil e quinhentos estudantes do Ensino
Secundário Geral na cidade de Quelimane, amotinaram-se ontem defronte da
Direcção Provincial da Educação e Cultura da Zambézia, protestando contra a
decisão de anulação das avaliações do segundo trimestre em oito disciplinas,
sob alegação de fraude académica.
Segundo o jornal
Notícias, o sector da Educação e Cultura na Zambézia anunciou sexta-feira
passada a invalidação das provas de Matemática, Biologia, Química, Física,
Geografia, Inglês, História e Francês das 8ª, 10ª, 11ª e 12ª classes
respectivamente sob a alegação de ter havido um grande número de casos de
fraude académica que pode obstruir os objectivos psico-pedagógicos pretendidos
com as provas.
Os alunos afirmam terem conseguido obter bons
resultados, por isso, recusam-se categoricamente a repetir os testes. “As
provas não têm pernas, como é que chegaram ao mercado informal até termos
conhecimento de que estão à venda”, lê-se num dos dísticos que os alunos
transportavam e colocado no portão principal que dá acesso ao edifício onde
está a funcionar aquela instituição, escreve o jornal na sua edição desta
terça-feira.
Insatisfeitos com a decisão, alunos das cinco escolas
secundárias que funcionam em Quelimane organizaram-se para se deslocarem à
Direcção Provincial da Educação e Cultura. Os membros da direcção,
trabalhadores e colaboradores ficaram surpreendidos logo pela manhã, ao se
depararem com uma grande moldura humana que com dísticos e cantos de protesto
exigia às autoridades da Educação e Cultura a reconsideração da sua decisão,
uma vez que não havia tempo suficiente para os alunos voltarem às salas de aula
para a realização de novas provas daquelas disciplinas.
O matutino Notícias escreve ainda que tomou
donhecimento que as provas daquelas disciplinas estiveram a ser vendidas nos
principais mercados e reprografias de todas as escolas a preços que variavam
entre vinte e quarenta meticais. Alguns professores que conversaram com a nossa
Reportagem confirmaram que muitos alunos tinham comprado os enunciados e as
respostas visto que muitos deles foram surpreendidos com cábulas com os
exercícios todos resolvidos tal como aparecia nas folhas de resposta e outros
alunos em menos de um quarto de hora já estavam a entregar. Este facto
despertou a atenção tendo se iniciado um trabalho de busca nos mercados e
reprografias de Quelimane que confirmaram a circulação das avaliações.
Um professor, de acordo com o jornal, foi mais longe
ao afirmar que até as vendedeiras de peixe e matapha no Mercado Central,
localizado a escassos metros da Direcção Provincial da Educação e Cultura,
deixaram de fazer o que era habitual para vender provas. Ontem, quando chegamos
à Direcção Provincial da Educação e Cultura, os alunos amotinados confirmaram
que há professores e funcionários da direcção de tutela envolvidos na venda das
avaliações.
Entretanto, a Rádio Moçambique citou semana passada o
director provincial da Educação e Cultura, Faustino Amimo, a dizer que o sector
está a investigar se o cerne da fraude está naquela direcção; ou nos Serviços
Distritais da Educação, Juventude, Ciência e Tecnologia ou a nível das
direcções das escolas.
Fonte: Rádio Moçambique – 02.07.2012
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