O jornalista e analista senegalês Ibrahima Signaté faz, num livro que acaba
de ser publicado pelas Edições Harmattan em Paris, um balanço completo da
democratização em África, passando em revista as conferências nacionais e a
organização dos diversos escrutínios no continente.
Sob o título « África condenada à esperança», a obra de 155 páginas repartidas em 11 capítulos, analisa «a democracia reiniciada de modo contínuo », identifica «os países que salvam a honra » e analisa «o desperdício senegalês».
Noutros capítulos, Ibrahima Signaté, antigo rchefe de Redação da revista pan-africana África-Ásia, destaca a «democracia à moda sul-americana » «o mito sul-africano» e «o modelo de desenvolvimento asiático».
«A subida da violência pós-eleitoral de 2008 no Quénia revigorou o meu receio de ver um evento desta natureza ocultar o caminho percorrido por África na via da democratização. Portanto, escolhi passar em revista um certo número de processos em curso em todo o continente », explicou à PANA o jornalista e analista político senegalês.
Num capítulo intitulado «o tempo de África» e num outro com o título «diáspora face à problemática da unidade africana », Ibrahima Signaté, autor de «Um começo tão frágil » publicado em 1977, descreve as razões de esperar no processo democrático em curso.
« Existem países onde a democratização regista progressos significativos. É o caso de Cabo Verde, das Maurícias e um pouco menos no Gana. Esquece-se muitas vezes de o sublinhar para apenas reter as coisas que andam mal. Uma das intenções da minha obra é precisamente restabelecer esta verdade», acrescentou aquele que se tornou num dos decanos da imprensa pan-africana em Paris.
Segundo ele, África apenas tem a escolha de continuar na via da democratização.
«Para mim, o contexto é tal que não podemos mais recuar. É só ver o dinamismo da imprensa independente e o despertar da sociedade civil em todo o continente, para se convencer de que nada mais será como antes. Os regimes que não entenderam que a democracia é irreversível correm em seu próprio detrimento. África está condenada à esperança; ela não tem escolha », sustentou o analista e jornalista senegalês.
Como outros especialistas em questões políticas em África, ele considera que a chegada da Esquerda ao poder em França poderá confortar os progressos da democracia em África, uma vez que o novo Presidente francês, François Hollande, comprometeu-se, antes da sua eleição, a apoiar as aspirações dos povos africanos à democracia e às liberdades e a pôr termo às práticas das redes paralelas nas relações franco-africanas.
A esperança é certamente permitida, dado o primeiro passo dado pelo novo Presidente francês que substituiu, no seu primeiro Governo, o Ministério da Cooperação pelo de Desenvolvimento que confiou a um antigo jornalista, que tem a fama de ser próximo dos alteromundialistas, afirmou.
Fonte: Panapress – 21.06. 2012
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