Transformar o posto administrativo de M´sawise, antiga base central da
Frelimo, no distrito de Mavago, em grande cidade, constitui um dos desafios
lançados pelo Presidente Armando Guebuza como forma de valorizar ainda mais os
feitos dos nossos heróis e preservar a história de Moçambique.
M´sawise é antiga base da Frelimo cujo respectivo comandante era o
saudoso Presidente Samora Machel.
Depois da independência nacional, o local passou à categoria de posto
administrativo. M´sawise dista 48
km da vila-sede do distrito de Mavago.
É este local que o Chefe de Estado pretende ver não só evoluir para uma
cidade de referência, como também se preservar o seu historial, que foi
determinante para a libertação do país.
Falando num comício popular que marcou a sua passagem por aquele ponto do
território nacional, no âmbito da presidência aberta, Armando Guebuza apelou
aos residentes para que caminhem pouco a pouco mas firmes, de modo a tornar
M´sawise numa cidade. Contudo, segundo explicou, a evolução não pode ser feita
com base em infra-estruturas de capim, mas sim de material convencional, ou
seja, de tijolo queimado.
“Se nós apostarmos no tijolo queimado, faremos boas casas e a nossa vida
vai melhorar. As casas actuais, feitas de capim e outro material nao
convencional, deixam o seu interior numa total escuridão. Isso acontece também
porque não têm janelas grandes. Neste tipo de construções é susceptível a
contaminação por doenças pois, se uma pessoa doente tossir, não há como arejar
a casa, porque é pequena e sem ventilação. Por isso, o desafio passa por
construirmos casas de tijolo, o que impulsionará o desenvolvimento rápido deste
local que está ligado à história de Moçambique. Vamos fazer de M´sawise uma
grande cidade” – alertou Guebuza.
Explicando parte da história da região de M´sawise, o estadista moçambicano
disse que este local desempenhou um papel importante quando a Frelimo tomou a
decisão de lutar para tornar o país independente. Na ocasião, o movimento libertador
fez deste local a sua base central.
“Aqui perderam-se vidas mas também se construíram vidas, incluindo a
independência do nosso país. Se as árvores de M´sawise falassem, falariam do
heroísmo dos moçambicanos na luta pela conquista da independência nacional. Mas
há quem não concordou com esse feito e nos quis arrancar a independência. Novamente
M´sawise foi determinante para defendermos o país e estamos aqui com atenções
viradas para o combate à pobreza e criar o bem-estar dos moçambicanos. É por
isso que construímos escolas, disponibilizamos água potável e resolvemos os
problemas de saúde construindo mais hospitais, tudo para satisfazer ao nosso
povo” – disse.
Na sua inteiração com a população, o Presidente da República sublinhou que
o caminho para se acabar com a pobreza ainda é longo mas, segundo ele, o
importante é que todos os moçambicanos estão juntos nesta luta.
Guebuza recordou que durante o tempo colonial M´sawise tinha pouca gente. Segundo
ele, as pessoas que existiam cabiam apenas numa sombra de mangueira onde se
reuniam para tratar de assuntos do país.
“Hoje, depois de conquistarmos a independência, e as pessoas se sentem
livres, vejo que o número de pessoas aumentou. Isso quer dizer que M´sawise
cresceu. Do mesmo modo que a população cresceu, temos de trabalhar para
desenvolver esta região” – disse.
Engolido pela Reserva
NOVENTA e oito por cento do territorio do posto administrativo de M´sawise
fazem parte da Reserva do Niassa, razão pela qual o conflito Homem/animal é uma
constante. Aliás, de forma a afugentar ou abater os animais problemáticos, a
população pede a alocação de uma arma de fogo. Ainda assim, no ano passado,
usando meios alternativos, foram abatidos quatro animais problemáticos, na sua
maioria porcos do mato.
Esta região, onde a base de sobrevivência da maioria é a agricultura, está
a registar um nível de desenvolvimento acelerado. Espera pela chegada da
energia eléctrica e, enquanto isso não acontece, os populares servem-se de
painéis solares para produzir corrente, sobretudo para infra-estruturas
públicas, contando-se escolas.
A região viu recentemente edificado o mercado e outras infra-estruturas que
dão corpo ao seu crescimento. Possui 15 associações agro-pecuárias.
O escoamento de produtos é feito em camionetas, sendo o principal destino o
vizinho distrito de Mecula e a sede do distrito de Mavago, apesar de as vias de
acesso não oferecerem condições para o transporte da produção agrícola. Por
estarem a enfrentar dificuldades de escoamento dos seus produtos, os moradores
de M´sawise pediram a intervenção do Chefe de Estado para que se proporcionem
vias de acesso à altura de facilitar a sua movimentação.
Sabe-se ainda que está para breve a activação da antena da mcel, uma vez
que já foi montada a respectiva estrutura física.
O abastecimento de água ainda constitui um problema. Os quatro furos
existentes servem aos mais de quatro mil residentes, daí que pedem que o
Governo proporcione mais fontanários. Para contornar esta situação, muitas
famílias se servem de furos caseiros, ou seja, poços a céu aberto.
Dos pedidos formulados pelos populares ao PR consta ainda uma ambulância
para transportar doentes, sobretudo mulheres grávidas. Conforme
explicaram, a falta deste meio faz com que os pacientes não tenham outro meio
de transporte para fazer os 48
km de estrada até à vila-sede, de modo a serem
assistidos no hospital local, que apresenta melhores condições.
Polícias
denunciados por cobrar mercadoria
OS residentes tocaram também na problemática dos subsídios ao idoso e aos
antigos combatentes, dizendo ser poucos, pelo que pedem o seu aumento. Para
Armando Guebuza, embora reconheça que seja pouco, os residentes de M´sawise
deviam-se contentar com o facto de terem pouco, porque existem muitas
regiões do país onde as pessoas ainda não recebem qualquer valor.
Contudo, prometeu estudar minuciosamente os casos, de igual modo que
prometeu resolveu o problema de muitos automobilistas e residentes estarem a
ser interpelados pela Polícia de Trânsito e da Guarda Fronteira, elementos que
cobram valores monetários para os deixar passar a mercadoria adquirida em
Lichinga ou nos países vizinhos.
Entretanto, nos cinco meses deste ano, o posto administrativo de M´sawise
colectou em receitas próprias mais de cinco milhões de meticais provenientes de
taxa de barracas, mercado e da indústria moageira.
No que respeita à prevenção e combate ao HIV/SIDA, foram aconselhadas 307
pessoas e testadas 297, das quais 13 por cento com HIV, contra 292 testadas em
2010 com oito positivos, com uma evolução na ordem de dois por cento e 63 por,
respectivamente. Dois doentes estão em tratamento anti-retroviral.
Quanto à criminalidade, durante o ano findo foram reportados sete casos e
apenas um de acidente de viação. Estão por detrás da criminalidade o consumo
excessivo de álcool e estupefacientes, com destaque para a “soruma”, a condução
sem obedecer às regras de básicas de trânsito.
O Governo do posto de M´sawise aponta como constrangimentos ao
desenvolvimento a insuficiência de água potável, cuja cobertura é de 49
porcento, e intransitabilidade da via que liga o vizinho bairro de Mecula.
Já no que se refere aos desafios, apontam-se a reabilitação de fontes
avariadas, difundir mensagens educativas de prevenção e combate ao HIV/SIDA. Ainda
consta a sensibilização de mutuários de modo a procederem à devolução dos sete
milhões de meticais. (Hélio
Filimone)
Fonte: Jornal Notícias – 02.07.2012
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