A Comissão "Verdade, Justiça e Reconciliação (CVJR) afirma ter registado a 17 de Dezembro de 2010, data de encerramento dos dossiers, 18 571 queixas, anunciou quarta-feira à imprensa o seu presidente, Nicodème Barrigah-Benissan.
Segundo a CVJR, uma boa parte dos testemunhos recolhidos dizem respeito à repressão das populações durante o período da independência, às violências durante o período da democratização do Togo, ao caso da lagoa de Lomé (onde dezenas de cadáveres foram encontrados em Abril de 1991 após a repressão duma manifestação de jovens por militares), aos confrontos e exações a que foram sujeitas populações após a eleição presidencial de 2005, aos deslocamentos das populações, nomeadamente as do norte, ao sul do país, bem como aos problemas da fauna.
De acordo com as cifras fornecidas à imprensa nesta quarta-feira pela CVJR, dos depoimentos, 80 porcento provém das vítimas, 19 porcento de testemunhas, enquanto apenas 1 porcento de autores destas exações.
Por outro lado, em complemento dos processos já recebidos, a CVJR decidiu "dirigir-se diretamente a cerca de 100 atores da história nacional, na qualidade de Grandes Testemunhas, para solicitar a sua versão dos eventos maiores que o país registou por um lado, e, por outro, esclarecer os trabalhos da Comissão.
"Após estas etapas, a CVJR vai proceder à constituição duma base de dados cuja gestão automatizada será colocada sob um protocolo seguro que permitirá não só centralizar todos os dados, mais também abrir numerosas perspetivas na análise dos dados".
Criada a 25 de Maio de 2009, a CVJR teve como mandato investigar sobre as violências políticas que mancharam a vida sócio- política do Togo de 1958 a 2005 e "propor medidas suscetíveis de favorecer o perdão e a reconciliação nacional".
A sua criação foi motivada pelas violências políticas de 2005, que fizeram pelo menos 500 mortos e milhares de feridos, segundo um inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU), na sequência das eleições presidenciais ganhas por Faure Gnassingbé, filho do defunto Presidente togolês, Eyadéma Gnassingbé, falecido alguns meses antes.
Fonte: panapress - 22.12.2010
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