terça-feira, dezembro 21, 2010

Aliado de Gbagbo avisa 'rebeldes da ONU'

Um aliado de Laurent Gbagbo, o presidente incumbente da Costa do Marfim, avisou os soldados da força da ONU de manutenção da paz que podem ser tratados como rebeldes se continuarem no país depois de terem recebido ordens para partir.
O ministro do Interior de Gbagbo, Emile Guirieoulou, disse que "se, contra a nossa vontade, eles quiserem manter esta força no nosso país, não cooperaremos."
"E se decidirem obedecer a outras autoridades que não as autoridades legais do país, transformam-se em parte da rebelião."
Emile Guirieoulou também desmentiu informações que davam conta da existência de valas comuns apinhadas de cadáveres na cidade de Abidjan.
"São mentiras. Isto está a ser dito por eles para conquistar apoios."
Na segunda-feira, o enviado especial da ONU para a Costa do Marfim, Choi Young-jin, disse que a organização havia sido impedida de investigar as alegações.

'Raptos'

A ONU diz ter também recebido centenas de informações de pessoas que teriam sido raptadas por homens armados durante a noite; algumas dessas pessoas teriam sido depois encontradas mortas.
O chefe das Missões de Manutenção da Paz da ONU, Alain Le Roy, disse à agência de notícias AFP que as tropas da ONU estavam a ser hostilizadas por grupos pró-Gbagbo.
Gbagbo acusa as Nações Unidas de apoiarem o seu rival, Alassane Ouattara, e ordenou a sua retirada da Costa do Marfim.
A ONU diz que Ouattara venceu as eleições do mês passado e urgiu todas as partes a reconhecerem-no como presidente.
Na segunda-feira, as Nações Unidas anunciaram a extensão, por mais seis meses, do mandato dos 10 mil soldados que integram a sua força de manutenção da paz.
Laurent Gbagbo diz que as eleições foram fraudulentas nas áreas do norte controladas pelos rebeldes e foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional.
Mas a missão da ONU na Costa do Marfim, que esteve envolvida na organização do escrutínio, apoiou a decisão da Comissão Eleitoral de declarar Alassane Ouattara o vencedor.
Os capacetes azuis estão a proteger o luxuoso Hotel Golf, onde Ouattara está baseado desde as eleições presidenciais e onde se reúne com os membros do governo que nomeou.

Mandato

Um porta-voz de Ouattara pediu às forças da ONU que removam Laurent Gbagbo do poder.
Patrick Achi disse à BBC que as Nações Unidas devem também cumprir com o seu mandato e proteger a população civil, antes que mais pessoas morram devido à violência pós-eleitoral.
Países ocidentais - e alguns países africanos - decidiram apoiar Alassane Ouattara.
O ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Aliyu Idi Hong, disse à BBC que estava preparado a permitir que Gbagbo se exilasse no seu país.
A União Europeia diz que vai proibir, esta semana, as viagens de Gbagbo e de 18 associados seus pelo seu espaço territorial.
A UE está igualmente a debater a possibilidade de congelamento de quaisquer bens que Laurent Gbagbo tenha na Europa Ocidental.
As eleições presidenciais, que foram realizadas com cinco anos de atraso, deveriam ter reunificado a Costa do Marfim.
O país, que é o maior produtor mundial de cacau, está dividido desde 2002.
Fonte: BBC para África - 21.12.2010

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