Argel, Argélia (PANA) – Peritos reunidos em Argel segunda-feira para refletir sobre a contribuição do Painel Africano dos Sábios para os esforços de prevenção dos conflitos, propuseram a criação dum Tribunal Constitucional pela União Africana (UA) a fim de resolver crises ligadas às eleições.
Os peritos preconizaram igualmente a eliminação das ambiguidades constitucionais relativas à sucessão dum presidente em exercício, para evitar as crises políticas que se instalam em diversos países africanos e que se tornaram numa causa potencial de conflitos violentos.
Um brigadeiro, Hadj Gibril, chefe da Planificação da Brigada Norte-Africana da futura Força Africana de Alerta, disse que um tribunal constitucional é necessário para enfrentar crises eleitorais que persistem no continente.
"Precisamos de um Tribunal Constitucional Africano. Temos eleições e às vezes partidos da oposição ganham mas os sistemas no poder recusam-se muitas as vezes a ceder o lugar e reconhecer a vitória da oposição", sublinhou o brigadeiro Gibril.
Este Tribunal Constitucional deverá tornar-se numa autoridade que determinará em última instância se as eleições num dado país foram livres e justas e fará com que a transferência do poder político seja feita sem tumultos e nem ingerência de outras instituições do Estado.
Ele referiu-se ao caso mais recente da crise na Côte d'Ivoire, onde o chefe do Estado cessante Laurent Gbagbo recusa-se a ceder o poder ao candidato da oposição Alassane Ouattara, declarado vencedor da segunda volta da presidencial de 28 de Novembro.
"As instituições do Estado apoiam o Presidente Gbagbo e rejeitam os resultados do escrutínio:Precisamos de um Tribunal para decidir sobre a validade de todo o processo eleitoral", propôs Gibril.
O secretário-geral da ex-Organização da Unidade Africana (OUA), Salim Ahmed Salim, reconheceu que a Constituição é uma maior fonte de preocupação e de crise em África.
"A Constituição modifica-se do pé para mão a fim de satisfazerambições políticas. Sugiro que os dirigentes não modifiquem as constituições para os seus próprios interesses", aconselhou Salim, membro do Painel dos Sábios.
Ele declarou-se favorável à proposta de criar uma instituição para enfrentar crises institucionais que assolam cada vez mais as jovens democracias em África.
"O interesse do Painel é a paz e a estabilidade mas não é ingeri-ser nos assuntos internos dos outros Estados", disse Salim, reagindo a preocupações segundo as quais um Tribunal Constitucional Africano pode transgredir a soberania dos Estados membros da UA.
Por outro lado, os peritos preconizaram um estudo aprofundado dos outros fatores de conflito, tais como a repartição desigual das terrras para a agricultura e a problemática da exploração mineira.
Fonte: Panapress - 13.12.2010
Reflectindo: Pode ser que demorou, mas que África esteja a acordar para ela mesma resolver os seus problemas políticos. Provavelmente em alguns ou muitos países não serão lá mandados juristas ligados aos partidos no poder, mas juristas íntegros e independentes.
4 comentários:
Sera mais uma institucao... nao para dirimir nada. isto porque os africanos sao absolutistas natos. portanto, Democracia (no sentido verdadeiro) e uma inculturacao
Mano Chacate,
Compreendo a tua preocupacão e por acaso tenho a mesma. Mas acho que tudo depende de quem tem esta iniciativa. Se for sociedade verdadeira pode ser que venha a ter pés. Afinal há entre nós africanos quem sabem da importância da democracia. Por outro lado, estou convencido que o respeito pelos princípios democráticos depende da consciência dos cidadãos eleitores e não dos dirigentes eleitos e isso em toda a parte do mundo. E, isso está em falta no nosso continente.
Concordo Reflectindo. No entanto é preciso compreender que o africano ainda tem muito caminho pela frente para o alcance da democracia (enquanto isso o os filhos da porca vão mamando), isto porque a ignorância, e ausência de bom senso andam juntos em África!
Mais, há gente que pensa que isso é cultura e que deve ser preservado! Ora por que o poder em África é uma questão familiar. É por isso há gente no nosso continente que usa a sua participação no nacionalismo africano para perpetuarem-se no poder e explorar a maioria ou a minoria.
E o povo consente naturalmente!!!
E o povo consente naturalmente!!!
Bem dito Sr Chacate!
Pelo simples motivo, SER ANALFABETO.
É muito difícil "perpetuar" a democracia num país pobre com fraca literácia!É mais fácil, facílimo, "perpetuar" a ditadura militar!É o que acontece nos últimos 50 anos em África, apesar de ter havido crises geracionais-próprios de África.
E todos tiveram 3 crises.
Moçambique felizmente tem 2, e vamos ver se conseguira criar outra geração, sem o terceiro "enguiço".Congo demorou 23 anos, a atingir o 3º!
O 2º de moçambique terminou há 18 anos!
Este Tribunal deveria ser instituído, na década da viragem africana-1970/1975! A geração 1 FALHOU!
Veremos os resultados-se Obama der uma mãozinha-talvez dê resultados!
Relembro que o próximo ex-PR americano a testemunhar as eleições de Moçambique 2014- será o Clinton, visto o Carter estar "velhíssimo"!
Bush não tem "pachorra", não tem Fundação ainda!
Em 2014, "cheira-me" que seja luta titânica entre um engenheiro CIVIL, um ex-guerrilheiro da dita "democracia" , e dum ex-guerrilheiro da luta de libertação-dos mais proeminentes-que todos se esquecem, que ele está fora de Moçambique há decadas, e que pode ser "ressuscitado"!
Se fosse um povo literato, esperto, escolheria o mais novo, o mais habilitado técnicamente e profissionalmente!
Democráticamente claro...mas em 2014, faz 22/23 anos!
Não haverá "congolismo", como está o "marfinismo"?
Fungulamasso
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