Por: Amade Camal
Armando Guebuza, que teve um início de segundo mandato atribulado, em Comité
Central alargado da Frelimo para a consagração da sua vitória eleitoral presidencial, foi, ao invés, atacadíssimo pelos seus pares, de tal forma que foi obrigado a anunciar que iria cumprir a Constituição saindo do poder ao fim do segundo mandato. Não obstante esta declaração, Guebuza iniciou várias tentativas para perpetuação no poder (…)
Os conflitos armados resultam de diferendos políticos consequência de falta de diálogo, arrogância, injustiça, restrições de direitos fundamentais, nepotismo, descriminação, etc.
Poucas guerras foram ganhas, grande parte delas acabam na mesa de negociações, com cedências mutuas.
Se considerarmos que os políticos dirigentes são mandatados para gerir a coisa pública em benefício dos accionistas (os cidadãos, o Povo) como se explica que esses dirigentes produzam estratégias e tácticas que prejudicam esse mesmo povo o seu “ PATRÃO” ?
Não conheço alguma guerra que tenha trazido riqueza sustentável. Os Europeus e Americanos, são os maiores protagonistas de grandes guerras, e actos macabros com armas de destruição massiva, com prejuízos incalculáveis.
Mesmo que aparentemente tenha havido algum desenvolvimento pós-guerra, como parecia ser o caso da II Guerra Mundial, ao fim de 60 anos podemos verificar que os protagonistas UE/USA estão à beira da falência económica.
Por outro lado os países que mais crescem, são aqueles que se abstiveram de grandes guerras por mais tempo, por exemplo a China, India e Brasil.
Sendo Guebuza e Dhlakama generais e líderes políticos, “enriquecidos” e sustentados à custa do Tesouro Público pertença dos Moçambicanos, particularmente após o Acordo Geral de Paz negociado pelos mesmos, sob liderança de Joaquim Chissano, como se explica que após 20 anos sem causa aparente reiniciem a “guerra” ?
Com Moçambique em franco desenvolvimento económico, geografia-politico partidária aparentemente estabilizada, uma elite “enriquecida” pelo Tesouro Publico, partidos de oposição monolíticos, uma classe média aparentemente amorfa, porquê iniciar-se uma guerra ?
Talvez para:
1- Reabrir o Acordo Geral de Paz, afim de redefinir aspectos como “homens armados”?
2- Redistribuição da riqueza político-partidária sem ter que alterar a proporção de assentos parlamentares?
3- Partilha de poder (Governo de Unidade Nacional) sem recurso a eleições?
4- Criar um tampão à crescente ameaça política emergente como a do MDM ?
5- Ultrapassar as dificuldades interno-partidárias na Frelimo na reeleição ou nomeação do futuro líder?
6- Angolanizar ou Zimbabwear o poder como forma de perpetuar o nepotismo? Haverão muitas outras razões para questionar esta “encenação” de guerra. Já morreu gente inocente!...
Líderes que aparentemente não dialogavam há muitos anos, e nem se quer cumpriam o Protocolo de Estado, de repente se reuniram em Nampula (após a vitória do MDM em Quelimane).
Acto contínuo Dhlakama, que aparentava dificuldades financeiras e político-partidárias reaparece revigorado, e confronta-se com a Força de Intervenção Rápida - FIR (morrem mais inocentes e ninguém está interessado em responsabilizar os “actores” dessas mortes).
Dhlakama reúne em Quelimane o seu saudoso Conselho Nacional (o que não acontecia há muito) e se estabelece em sua base guerreira, tendo acesso à Comunicação Social de forma inédita com particular destaque aos órgãos púbicos (TVM/RM) habitualmente de difícil acesso pela oposição, por imposição do regime do dia.
Por outro lado a Armando Guebuza, que teve um início de segundo mandato atribulado, em Comité Central alargado da Frelimo para a consagração da sua vitória eleitoral presidencial, foi, ao invés, atacadíssimo pelos seus pares de tal forma que foi obrigado a anunciar que iria cumprir a Constituição saindo do poder ao fim do segundo mandato.
Não obstante esta declaração, Guebuza iniciou várias tentativas para perpetuação no poder, desde potenciação e canibalização de “delfins”; tentativas de alteração da Constituição; alteração ou reinterpretação conveniente dos estatutos da Frelimo; e, por último, fechar os olhos e/ou aproveitar a oportunidade de uma “guerra” que criasse instabilidade afim de levar a um Estado de Emergência ou de Sítio que suspendesse as eleições e a constitucionalidade do País e, por fim, desse num (des)governo de salvação nacional.
Quando Armando Guebuza se candidatou muitos camaradas mais velhos levantaram interrogações para não dizer coisas piores.
Porém muitos de nós acreditaram no seu discurso nacionalista, pró-renovação, auto-estima, crescimento económico real a partir do distrito, de potenciação das pequenas e médias empresas; combate à corrupção, revolução verde; construção de uma classe média; requalificação do partido; melhor aplicação dos rendimentos nacionais; maior capacidade de negociação com os investidores, particularmente dos recursos naturais, etc., etc.
Ao fim do segundo e último mandato muito pouco foi conseguido.
Os eleitores nos transportes públicos, chapas, e carrinhas de caixa aberta, lugares de socialização, redes sociais, escolas, blogs, mercados, jornais, rádio e televisão, nos locais de trabalho, etc. começam a acreditar que a riqueza nacional só está à disposição de uma família e alguns cortesãos cujo critério deve ser “a cor diferente do sangue”…
E começa a ser opinião generalizada que Moçaambique e a Frelimo precisam de uma “renovolução”.
Sangue azul e uma teoria fracassada de racismo entre iguais.
A luta continua.
Fonte: Canal de Moçambique in Mocambique para todos – 01.05.2013
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