O Governo moçambicano considerou hoje insustentáveis as exigências dos médicos do país, que, juntamente com outros profissionais de saúde, iniciaram na segunda-feira uma greve de cinco dias por melhores condições salariais e de trabalho.
A classe médica moçambicana exige um aumento de 100 por cento de salário e do subsídio de risco, a aprovação do Estatuto do Médico e a atribuição de residência para os profissionais deslocados das suas áreas de residência.
A paralisação segue-se à greve que os médicos fizeram em janeiro passado, apenas interrompida após a assinatura de um memorando de entendimento com o Governo.
Os médicos acusam o executivo de ter violado o memorando, rejeitando o aumento salarial de 15 por cento recentemente decretado pelo Governo.
Em conferência de imprensa sobre a greve, António Tchamo, do setor de Gestão Estratégica dos Recursos Minerais do Ministério da Função Pública, afirmou que a satisfação das exigências dos médicos colocaria o país numa situação mais grave do que já está, tendo em conta a situação financeira e económica do país.
"O Governo decidiu que o aumento salarial para os médicos deve ser faseado, porque, de contrário, podemos não ter capacidade para pagar ordenados a meio do caminho e a situação tornar-se mais grave do que já está", afirmou António Tchamo.
O Governo, assinalou a fonte, vai aumentar 15 por cento do ordenado dos médicos este ano, 13 por cento em 2014, e 13 por cento em 2015, como forma de aproximar os ordenados da classe médica aos dos magistrados.
Por seu turno, a porta-voz do Ministério da Saúde de Moçambique, Francelina Romão, disse que a Associação Médica falhou no objetivo de convocar uma greve geral, porque não conseguiu o nível de adesão que pretendia.
"Não está a ser uma greve geral, tivemos, especialmente no período de manhã, focos de paralisação nas cidades de Maputo e da Matola, mas à medida que o tempo foi passando, as unidades sanitárias começaram a trabalhar", disse Francelina Romão.
A porta-voz do Ministério da Saúde acusou os médicos grevistas de violarem o memorando de entendimento acordado com o Governo em janeiro, exortando-os a regressar ao trabalho para "cumprir com o juramento de salvar vidas".
Francelina Romão afirmou que o Ministério da Saúde recorreu ao pessoal médico dos ministérios da Defesa e do Interior, estudantes das instituições de ensino médico e à Cruz Vermelha para minimizar o impacto da paralisação.
Em declarações à Lusa na segunda-feira, fonte da Associação Médica disse que a adesão à greve ultrapassava os 90 por cento e a paralisação seria prorrogada, caso as exigências dos profissionais de saúde não fossem atendidas.
PMA // VM
Fonte: Lusa - 21.05.2013
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