domingo, maio 26, 2013

Governo deve sempre pautar pelo diálogo para proteger o povo…

Por Félix Júlio Mondlane

Uma vez mais, rabisco estas linhas com uma dor no peito pela actual situação da greve da classe médica no nosso país, sendo que tal situação acontece num período em que o Governo está a dialogar com representantes da RENAMO, com vista a se chegar a um entendimento sobre os pontos apresentados pelo maior partido da oposição do nosso país.

Lembrar que estas negociações têm em vista manter a PAZ no nosso país, afastar por completo qualquer que seja o motivo para que se volte à guerra.

Rezo no entanto, para que o capítulo da “Greve dos Médicos em Moçambique”, se resolva o quanto antes, pois no que me parece, nenhuma das partes está interessada em chegar a acordo algum, prova disso são as acusações onde os reivindicadores (classe médica) dizem não pretender voltar atrás com suas exigências e o Governo, por sua vez, insistir em afirmar que não há nada a negociar.

Só para citar alguns exemplos:

- Como é que o MISAU desacredita a Comissão dos Profissionais da Saúde, se esta agremiação na pessoa do líder do grupo, veio ao público afirmar que tal foi criada na presença do actual Ministro da Saúde, Alexandre Manguele?

- Como é que a porta-voz do MISAU, Francelina Romão, diz que os focos de desestabilização encontram-se em Maputo e Matola, sendo que estamos a falar duma associação que não pode tomar nenhuma decisão sem que no entanto tenha chegado a tal entendimento e tendo em conta que tal é a nível nacional? (A Associação dos Médicos é de nível nacional e tem seus representantes em todas províncias do país).

- Como pode dizer que os níveis de adesão à greve não estão a ser significativos (queria que fosse?) e as unidades sanitárias estão a funcionar normalmente, e que na maior parte das províncias a presença dos profissionais da Saúde é de 100 por cento, sendo que, os órgãos de informação difundem que a situação na província da Zambézia, por exemplo, é dramática no maior hospital, pois nem quadros da Direcção Provincial de Saúde, nem estudantes do Instituto Superior de Saúde foram destacados para fazer face à ausência de médicos e enfermeiros;

- Em Nampula, alguns dirigentes das principais unidades sanitárias decidiram aderir ao movimento dos reivindicadores?

- Como e com que coragem é que se confiam estudantes e/ou funcionários administrativos para cuidarem de doentes nos hospitais e centros de saúde? A saúde humana não se pode remediar.

- Perante todos estes factos, como é que alguns dirigentes do Governo aparecem em público a desdramatizar a situação, sem que no entanto levem a mão à consciência e lembrar que se trata da saúde do povo moçambicano que curiosamente lhe foi agravado o imposto pessoal autárquico, onde os residentes da cidade de Maputo pagam 240,00Mt e os da Matola 185,00Mt, respectivamente?

- De quem é a (ir) responsabilidade?

Sr. Director, a AI (Amnistia Internacional), acaba de divulgar uma lista de piores países na preservação dos direitos humanos, onde o meu Moçambique surge nos três primeiros nos países da CPLP.

Por fim, rogo para que o Governo e a classe médica cheguem a um entendimento mútuo, com a finalidade de preservar a saúde e o bem-estar do povo moçambicano.


Fonte: Jornal Notícias – 26.05.2013

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