O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, teceu ontem duras críticas à governação chegando mesmo a afirmar que “a crise evidencia os limites e as fraquezas que o Governo de Moçambique tem em construir um Moçambique para Todos”.
O orador convidou, ao princípio da tarde de ontem, a comunicação social na Beira, para apelar para o diálogo. Face às manifestações violentas que ocorrem nas cidades de Maputo, Matola, e timidamente, nas cidades de Macia, Chibuto, Chókwè, Maxixe, Beira e Nampula, Daviz Simango defende que se deve encontrar uma plataforma de entendimento tendo em vista ultrapassar o impasse, privilegiando-se o diálogo, respeito mútuo e valorização da vida humana.
Segundo o presidente do MDM, o Governo do dia deve encontrar mecanismos para atenuar o custo de vida, particularmente dos produtos de primeira necessidade, através de medidas de alívio da carga fiscal.
O MDM, pela voz do seu presidente, defende ainda a a redução das despesas públicas, políticas agrárias claras e que se leve a sério a promoção de infraestruturas vitais para a produção de alimentos e a sua comercialização.
Também defende que se deve aproveitar os recursos internos, como o gás, para consumo público a preços acessíveis, adoptando-se igualmente medidas urgentes para a sua transformação interna em energia designadamente eléctrica.
Daviz Simango,que para além de presidente do MDM é presidente do Conselho Municipal da Beira, invocou que os fundos de reversão de Cahora Bassa sejam bem utilizados e renegociados os preços de exportação de energia de que beneficiam os grandes projectos como a Mozal, Sasol, areias pesadas, etc..
O líder do MDM pediu aos manifestantes para não vandalizarem os bens públicos, privados e dos cidadãos e, ao mesmo tempo, pediu que a Polícia prescinda de utilizar balas reais para a manutenção da ordem pública.
Defendeu ainda a necessidade de capacitação dos agentes da polícia para eventualidades futuras do género.
O presidente do MDM recomenda que se rompa com a artificial separação das chamadas “áreas” social e económica. “Não se pode esperar que a área social resolva o problema da pobreza enquanto a área política continua a promover a exclusão”.
“O combate à pobreza implica necessariamente um amplo e sustentável processo de distribuição da riqueza”, disse Daviz Simango.
O presidente do MDM lamentou a perda de vidas humanas e lamentou que esteja a haver vítimas com os acontecimentos violentos em curso. Afirmou que o MDM continua atento ao desenrolar dos protestos dos manifestantes e prometeu que exercerá o seu papel para que o desenvolvimento social de todos os moçambicanos seja uma realidade.
Todavia, Simango não deixou de lançar críticas ao Governo. Falou das políticas macroeconomias e para além de referir que têm sido mal sucedidas disse ainda que não estão à altura das responsabilidades e dinâmicas que a crise impõe.
“O Governo revela-se incapaz de criar uma estratégia para o relançamento da economia moçambicana, pois o mesmo sempre se recusou a desenvolver políticas comuns para defender o emprego, dinamizar as pequenas e médias empresas, a agricultura e melhorar a protecção social das famílias mais desfavorecidas”, disse a certa altura o presidente do MDM.
Acrescentou que “a crise evidencia os limites e as fraquezas que o Governo de Moçambique tem em construir um Moçambique para Todos”.
Daviz Simango criticou a ausência de medidas da parte do Governo para assegurar a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, bem como para a transformação da energia e água em catalisadores por excelência do desenvolvimento económico e social, tendo em conta tratar-se do tal “Made in Mozambique”.
Simango também deplorou a lentidão na construção de infraestruturas para dinamizar o desenvolvimento e escoamento dos produtos agrícolas para os mercados, a imposição dos preços dos combustíveis e a arrogância dos membros do executivo no tratamento das motivações dos manifestantes. (Adelino Timóteo)
Fonte: CanalMoz - 03.09.2010
13 comentários:
A nossa oposição não funciona. Não basta um só dar a cara, é preciso que todos sejam mais oposição.
Zicomo
Contentemos com esse que dá a cara e claro duma forma racional, pois que os Sibindus e Mabotus virão atacar o opoio.
Daviz foi simples,
Nao precisa de muita estoria,
Os problemas estao em cima da mesa, o governo tem que gerar solucoes, e nao tem capacidade,
Nem vou dignar a chatiar-me, porque no final do dia, so nao entende o problema quem nao quer.
Vamos mandar chamboquar estes gajos todos. Não é Karim?
Zicomo
Nao estao a deixar outras solucoes,
Nao querem entender.
Estou mesmo a ver, chambocada so, senao nao vao entender, nao acredito que eles entendam com conversa.
O Engº fez àquilo que o bom moçambicano pretende.
Autodestruição não...mas sim moderação/compreensão das dificuldades/diálogo e entendimento para um Moçambique para Todos.
quando se é pobre, a arrogância é má conselheira.
Alternativas...
SEMPRE, SEMPRE existiram e sempre EXISTIRÃO.
Custa subvencionar?
Quem não entende regras do mercado, e ter uma governação não abusiva dos interesses do cidadão só tem uma alternativa-DEIXAR O LUGAR PUBLICO...e ser privado.
Deixar a política para os políticos que entendam um estômago vazio, e saibam com perícia económica arranjar alternativas sem que para isso considere um pobre= a morto-vivo, um número.
Considere todos cidadãos como seres humanos, com o direito à vida.
Moçambique está em paz, NADA JUSTIFICA A QUE NÃO HAJA E CONTINUE A NÃO HAVER MAIS SUBVENÇÕES..enquanto o "estribilho" do combate a pobreza ser palavra de ordem do Presidente Eleito..tem de haver SUBVENÇÃO.
Inclusivé, até alguns dos bens são MADE IN MOZAMBIQUE-energia e água.
A governação não basta uma idéia, é necessária a conjugação dos e com os mais aptos.
Obama nomeou o "falcão de Bush" Gates, e os resultados estão à vista-SAÍDA DO IRAQUE.
Porque é que o PR moçambicano, não cria Gabinete de Crise e Desenvolvimento, dirigido por um NÃO FRELIMO, para pôr a máquina a funcionar com independência, com o objectvo de rectificar o modelo económico?
Repito...autodestruição e vandalismo não é o caminho correcto..há que haver mais diálogo, nÃO SÓ DOS POLÍTICOS, mas sim a sociedade civil.
Porque a fome pode criar o extremar de posições, inaceitávies nos dias de hoje.
HÁ ALTERNATIVAS E MUITAS!
É SÓ PROCURÁ-LAS E QUERE-LAS FAZER ,DENTRO DO ESPÍRITO TÉCNICO E A BOA VONTADE!
Moçambique precisa que todos estejam imbuídos dum espírito conciliador, para evitar mais catástrofes feitas pelo "desamparado"!
Criticar após o "leite derramado", não será opção aconselhável.
Há moçambicanos que podem ajudar a encontrar soluções, que conduzam a minimização do impacto da crise financeira mundial!
Alternativas para a crise económica ,sim, sem arrogância, porque acredito que há "prata da casa" que possa aconselhar com boas soluções, rumo ao combate da fome e pobreza!
Basta o diálogo-(quase metade da solução encontrada), como diria o meu bom Mestre Aloni!Paz à sua alma, e que Deus o Tenha!
Zacarias Abdula
Concordo Zack,
Mas isso tem que ser entendido pelo governo, que esta impor a "nao existencia de pontes de dialogo" e solucoes alternativas.
Ja viu o video ai em cima ?
CHAMUALE DR ZACK,
NUM E EM QUALQUER GOVERNO DE MAIORIA ABSOLUTA NAO EXISTE O "TERMO" DIALOGO.
Zicomo
CHAMUALE DR ZACK,
NUM E EM QUALQUER GOVERNO DE MAIORIA ABSOLUTA NAO EXISTE O "TERMO" DIALOGO.
Zicomo
Caro Zack
Quando volviam dois anos da governacão do homem que chefiou as negociacões de paz com a Renamo, David Aloni profetizou tudo que assistimos a 5 Fevereiro de 2008 e 1 de Setembro de 2010. Aloni ficou baptizado neste blog como o profeta. Disse ele: Moçambique está a mudar para o abismo. “Se continuarem fechados, empurrando o diálogo para o lixo, o que não acontecia na governação de Joaquim Chissano, a situação vai ficar feia”. É o que está acontecer, infelizmente.
Guebuza gosta de lambebotas. Guebuza não gosta de multipartidarismo, pelo que pensar que vai constituir um Gabinete de Crise e Desenvolvimento dirigido por quem não é da Frelimo é apenas um sonho. Esse tal só poderá ser um fingido ou será para procurar o terceiro mandato. Um governante sério nunca teria deitado Benjamim Pequenino para o lixo como Armando Guebuza fez.
Uma vez escrevi no blog do Laude Guiry que Armando Guebuza estava imitando Muammar Kadaffi da Líbia e foi o objectivo central quando lançou os “sete bis” para os distritos. O objectivo central foi de criar Conselhos Consultivos Distritais compostos por frelimistas ou pro-frelimistas (substituindo os partidos da oposição), banindo assim toda a influência dos partidos da oposição, a Renamo em particular. Ora, “sete bis” para os distritos foram um meio para atingir um fim. Guebuza pensava que havia assegurado o voto urbano... Mas Armando Guebuza tem conselheiros do tipo o sociólogo/antropólogo Amorim Bila, aliás Nuno Amorim – os lambebotas – e não tenta entender que os povos de Moçambique e Líbia são diferentes. Portanto, Guebuza nem vai se interessar daquela carta curta, concisa, objectiva e coerente de Carlos Serra. Guebuza até pode estar a pensar que o petróleo venha a criar mais semelhanças entre Líbia e Moçambique. Ora, prova dessa é o lançamento da sua esposa à candidatura de rainha de Moçambique, daí ela esteja a gastar rios de dinheiro, o mínimo que existe em Moçambique, em viagens de helicópteros ao país inteiro. Os incautos não vêem que um ministro não vai de helicópteros para ir fazer comícios nas províncias ou distritos e isso poupa de certa maneira o mínimo que temos em Moçambique.
Na verdade, o que o nosso povo deve aprender é que numa sociedade com direito ao sufrágio universal como a nossa usa-se .o voto como meio de manifestação pacífica. Claro que as zonas urbanas e Maputo em particular mostrou algo nas eleições anteriores, mas não foi suficiente para gente surda como os frelimistas. Já que João Leopoldo ao serviço da Frelimo havia dado toda responsabilidade à cidade de Maputo, províncias de Inhambane, Niassa e Sofala, era preciso que todos os que tinham manifestado ou os que tinham se solidarizado a 5 de Fevereiro de 2008 fossem às urnas e votassem na oposição. O voto é das manifestações mais pacíficas nas sociedades democráticas, mas tenhamos em conta que a Frelimo nem deixa isto. As falcatruas nas eleições anteriores são uma prova. Veja-se que há frelimistas assumidos que acham que o fim da arrogância e abuso do poder da Frelimo, passa por este partido ir à oposição.
Abraço
Viriato, meu amigo! Tens razão que num governo com maioria absoluta e absolutamente confortável não há diálogo.
Porém, há algo estranho neste governo guebuziano de maioria absoluta. Está mais sufocado que os da maioria relativa que já existiram em Mocambique. A vitória foi mais amarga do que se podia pensar. Os vitoriosos andam mais acantonados com medo do povo do que nunca. Veja que muitos dos compatriotas e amigos frelimistas com os quais debatiamos na blogsfera, fugiram todos. E, mesmo no terreno fogem. Não sei se este azar foi arranjado na CNE e CC (ofertas perigosas) ou pelo próprio Guebuza.
Capitao,
A andar assim, esse governo vai ter que governar escondidinho,
Vai ser engracado,
Que diga "mi hermano Nero"
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