– considera o economista João Mosca
“As medidas anunciadas são medidas transitórias, que não vão resolver o problema. São medidas com efeito psicológico para acalmar a população e para atenuar de forma imediata o efeito do custo da vida. Agora vamos ver o que acontece no futuro. Para acontecer alguma coisa, grandes transformações teriam que ser operadas”, considera o economista, em entrevista exclusiva ao Canalmoz.
O subsídio ao preço do pão que vai entrar em vigor a partir do dia 1 de Outubro próximo, não irá abranger a maioria da população consumidora deste alimento básico, nos centros urbanos. Em entrevista exclusiva ao Canalmoz, o economista João Mosca refere que ao subsidiar-se apenas os padeiros formais e filiados às associações de panificadores, o Governo está a deixar de fora muitos padeiros informais, mas que, na verdade, são a maioria dos vendedores do pão consumido pela população.
“As moageiras recusaram o acordo e o Governo foi fazer acordo com os padeiros formais. Mas do pão que se come em Maputo e em Moçambique, qual é a percentagem que é vendida pelos padeiros formais? A economia informal não vai ser subsidiada? Porquê? Qual é o preço que eles vão praticar se à porta da moageira o trigo é vendido ao mesmo preço?” Estas questões são levantadas pelo economista para demonstrar que o subsídio do pão poderá vir a não se reflectir na redução do preço do pão para a maioria da população.
O professor João Mosca diz que se o preço do trigo se mantém para os padeiros informais, que alimentam uma grande percentagem da população, então o preço do pão vai continuar o mesmo, isto é vai mesmo subir, ou os padeiros irão reduzir o peso do pão para manter o preço do pão, considera o professor universitário de economia.
Por outro lado, o economista diz que este acordo com os padeiros e não com as moageiras beneficia o Estado que irá pagar pouco dinheiro referente ao subsídio, em comparação com o valor que teria de desembolsar se o subsídio fosse encaminhado às moageiras, de onde sai quase todo o trigo usado nas diversas padarias, sejam elas formais ou informais.
Outra hipótese que o nosso entrevistado aventa é de a Polícia começar a “correr atrás dos vendedores do pão”, que não praticarem o preço estipulado pelo Governo, facto que também não é solução para os problemas da população.
“Porque o Governo não foi negociar com as moageiras que têm capacidade industrial e sabem o que estão a assinar? Qual é a capacidade que os padeiros têm de negociação, qual é o nível de informação que eles dispõem?”, questionou o economista.
Entretanto, João Mosca recorda que estas são medidas transitórias, que não vão resolver o problema. “São medidas com efeito psicológico para acalmar a população e para atenuar de forma imediata o efeito do custo da vida. Agora vamos ver o que acontece no futuro. Mas para acontecer alguma coisa, grandes transformações teriam que ser operadas”, finaliza o economista, em entrevista exclusiva ao Canalmoz. (Borges Nhamirre)
Fonte: CanalMoz - 21.09.2010
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