Por Gento Roque Chaleca Jr., em Bruxelas
Na mesma semana em que o tsunami ‘Merapi’ (não confundir ‘tsunami’ com Paulo Ivo Garrido, ex-Ministro da Saúde) fustigava irmãos nossos, indonésios, causando sobretudo perdas de vidas humanas em números ainda não confirmados (estima-se no entanto que entre 500 a 600 pessoas tenham morrido), do outro lado do continente, em Bruxelas, onde resido, piratas cibernéticos invadiam o meu e-mail pela segunda vez. Desta vez não só acessaram às minhas informações pessoais como bloquearam o e-mail.
Devem andar convencidos (esses piratas cibernéticos) de terem feito uma grande obra para a Humanidade, invadindo o meu e-mail, mas o que eles não sabem e, portanto, ignoram saber, é que informações pessoais de “extrema relevância” não as guardo nos e-mails. Estas ficam depositadas no banco da minha consciência e dos meus. É só tão este o grande problema dos espertos – somente este –, coitados, esquecem-se de que não são as únicas criaturas neste vale de lágrimas dotadas de espertezas e, por muito espertos que se julguem, há sempre um dia em que aparece um ser esperto mais esperto do que eles! Eu, com toda a permissão do meu ego, julgo-me vítima da esperteza do Homem, apenas!
Não faço a mínima ideia de quem possa conter-se de tanto ódio contra os meus débitos, ou talvez, contra mim! E porquê? O que é que os meus débitos têm de mais para merecer especial atenção dos piratas cibernéticos? Pergunto, a sério: incomoda a alguém? Sinceramente não comsigo obter nenhum raciocínio lógico para uma fauna de questões. Seja como for, o ousio dos piratas é susceptível de uma acção criminal. Cabe agora o provedor (Hotmail, não menos lesado nesta acto) colocar as mãos à manga.
Da parte que me toca, continuarei a caminhar de cabeça erguida na certeza de que “a verdade é mais forte quando, aliada ao valor absoluto, se encontra a convicção de quem a defende.” É difícil explicar aos piratas cibernéticos de que a minha bata é de cor branca: que simboliza a paz. A minha principal intenção ao escrever neste espaço e noutros de cariz social, destinado à opinião pública, para além de um direito e simples interesse em mostrar os meus pontos de vista, é de interagir com os leitores sobre qualquer temática.
Entendo esta invasão ao meu e-mail como um recado, contudo não levarei à letra. Quando se está seguro do que se prática, do que se diz, do que se opina e defende, dois instrumentos – somente estes – acabam por ser na verdade nosso fiéis advogado: o Direito à Liberdade de Expressão e de Imprensa e o Direito Universal do Homem.
Não querendo dar louros aos piratas (que a esta altura pulam de ramo em ramo feitos símios da Gorongosa que, quando deparam com o ‘proprietário da horta’ invasora, desmacham gritos intermitentes e ensurdecedores, tiques típicos de malandros), os peritos de informática asseguraram-me no entanto que o novo provedor de e-mail não só é seguro como viável. É preciso não destruir a charneira que se estabeleceu entre mim e o leitor, da qual tenho a honra e glória de a cuidar. Obrigado pela aproximação.■
PS1: Uma palavra de consternação aos familiares dos 18 concidadãos nossos vítimas do trágico acidente de viação ocorrido no passado dia 29 de Outubro, em Nampula. O governo não decretou luto nacional. Para quem alguma vez já foi apodado de vândalo, dificilmente passará deste nível para a categoria de indivíduos ‘socialmente normais’.■
PS2: Outra palavra de pesar, não menos sentida, vai para à família Sabonete na Beira em geral e à senhora Dra. Melú Sabonete em particular (minha leitora assídua) cujo restos mortais do seu pai foi a enterrar há uma semana.
Para ambos os casos, fica o meu consolo espiritual, e que Deus Todo-poderoso vele pelas respectivas almas.■
Fonte: Autárca - 02.11.2010
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