É pela primeira vez que o historiador e escritor moçambicano, João Paulo Borges Coelho, pronuncia-se publicamente sobre a crise política que o país atravessa.
A conversa que concedeu ontem a “O País” teve como pretexto o lançamento do seu novo livro intitulado “Água – uma novela rural”.
Mas porque a crise de água, temática abordada nesta novela, é um símbolo da crise no seu todo, o escritor não deixou de partilhar connosco a sua visão sobre o assunto.
Para o autor do romance “O olho de Hertzog” a crise política que se vive no país é resultado de uma transição à fase pós-nacionalista.
Na visão do escritor, a Frelimo não está aberta a esta mudança que se caracteriza por uma convivência democrática.
“Por um lado a uma dificuldade em transformar a Renamo num partido integrado na sociedade por diversas razões e, por outro, há uma grande resistência da Frelimo a uma abertura, a uma convivência democrática. A Frelimo tem no seu seio um núcleo forte de forças anti-democráticas que resistem à mudança”, criticou.
O historiador não deixou de criticar o processo longo e desgastante que são as rondas do diálogo político, numa altura que a paz é um imperativo nacional.
“Negociações de paz que passam por centenas de sessões sem se avançar é uma pavorosa falta de imaginação, no melhor dos sentidos e, no pior, é má-fé”, classificou o escritor.
Fonte: O País – 24.11.2016
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