Pelo menos 2.210 doentes, na sua maioria padecendo de HIV/Sida, e mulheres
grávidas, foram transferidos dos consultórios de médicos tradicionais para as
unidades sanitárias em funcionamento no distrito e cidade de Lichinga, no
Niassa, de Janeiro a esta parte.
Este facto foi revelado ao “Diário de Moçambique” pelo presidente da Associação dos Médicos Tradicionais (AMETRAMO) naquela província, segundo o Feliciano Hilário, o que se pode traduzir em colaboração com as instituições públicas de saúde.
Hilário disse que os mais de dois mil doentes foram transferidos por médicos tradicionais filiados na AMETRATO, depois de terem procurado os serviços do referido grupo de medicina.
O presidente daquela organização considera que o número pode ser ainda maior, porque o restante dos distritos do Niassa não forneceu dados sobre esse movimento, tendo em conta que os praticantes da medicina tradicional foram sensibilizados nesse sentido.
Tal procedimento ganha maior importância tanto no respeitante ao HIV/Sida como às mulheres grávidas, porque no primeiro a medicina tradicional não cura o vírus, mas as unidades sanitárias já dispõem de anti-retrovirais, drogas que retarda a evolução da doença.
As mulheres grávidas, uma vez nos centros de saúde ou hospitais, podem ser melhor assistidas, evitando que morram em casos de partos complicados que exijam a intervenção de um médico ou cesariana.
“Temos vindo a sensibilizar os nossos membros para que quando recebem doentes que não os podem curar, sobretudo padecendo de HIV/Sida e mães grávidas, sejam transferidos para as unidades sanitárias mais próximas, para tratamento hospitalar” — explicou.
Hilário exemplificou: “Só no distrito de Lichinga, em contrapartida, as unidades sanitárias transferiram 1.100 doentes para nós. Eles na sua maioria padecem de doenças relacionados com o feitiço. Estes doentes, que recebemos da saúde, todos foram curados pelos nossos membros”— explicou.
Feliciano Hilário acrescentou que antes os médicos tradicionais, mesmo sabendo que o seu cliente padecia de uma doença que não podiam conseguir curar, mantinham-no com eles e muitas vezes acabava por perder a vida, por falta de administração de medicamentos recomendados.
Fonte: Diário de Moçambique – 07.09.2012
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