Maputo (Canalmoz) – Depois de na semana passada o Canalmoz ter noticiado
que o partido Frelimo orientou na província da Zambézia que todos os
funcionários públicos deviam descontar do seu próprio salário 10 por cento para
financiar as despesas do X Congresso a ter lugar neste mês em Pemba, eis que o
primeiro secretário do partido a nível da Zambézia vem em vão desmentir o
óbvio, negando o irrefutável.
O primeiro secretário provincial da
Frelimo na Zambézia, Lucas Junqueiro Sulude, reagiu esta terça-feira em
declarações ao Canalmoz negando que tenha havido qualquer ordem para os
referidos descontos, tendo por isso dito que “não me lembro dessa ordem”. Quem
anda a fazer essas coisas? Na nossa província não queremos confusão”, disse
aquele dirigente da Frelimo, para depois dizer que não há “provas”.
O discurso de provas é de resto o
argumento institucionalizado dos dirigentes da Frelimo quando são confrontados
com a partidarização do Estado. Só que quando lhes são dadas as provas,
sentam-se sobre elas e o assunto morre.
Na província da Zambézia, os funcionários
públicos, particularmente os da Saúde e Educação, queixam-se de estarem a ser
descontados coercivamente nos seus salários valores que alegadamente vão ser
canalizados para o X Congresso do partido Frelimo.
Na semana passada, o director distrital de
Saúde do Gilé confirmou a este jornal os descontos denunciados pelos
funcionários daquele sector, mas disse que se tratavam de “contribuições
voluntárias”. Mas a verdade é que os funcionários são obrigados a escolher
entre o salário já com abate dos 10 por cento ou assinar uma lista que depois é
usada contra eles para serem contados com a oposição (o partido Frelimo assume
como se fosse um crime público) para depois serem expulsos. Até a quarta-feira
da semana passada havia funcionários que ainda não tinham recebido os salários
referentes ao mês de Agosto porque se recusavam a contribuir para o congresso.
O primeiro secretário da Frelimo na
Zambézia, Lucas Junqueiro, veio dizer que tudo não passa de uma tentativa de
criar confusão para o partido, dado que “os descontos apenas devem abranger os
funcionários que são membros do partido e de forma voluntária”.
“Os descontos estão errados. É uma forma
de criar confusão. O que eu sei é que deve ser uma contribuição voluntária”,
disse Lucas Junqueiro Sulude.
“Sabem como as pessoas são nesta
província. Estão a tentar arranjar confusão e nós não queremos. Apenas queremos
que deixem a província desenvolver”, disse o primeiro secretário da Frelimo na
Zambézia.
O Canalmoz está na posse de uma carta do
partido Frelimo emanada do Círculo de Manhaua, na cidade de Quelimane, onde
este partido solicita a contribuição de todos os empresários com valores
monetários não inferiores a 1500 meticais para o congresso de Pemba.
Sobre o documento em alusão, Lucas
Junqueiro disse não se tratar da carta da Frelimo.
Na verdade, em vários sectores da Função
Pública, não só na província da Zambézia, mas em quase todo o país, inclusive
na cidade de Maputo, existem documentos nas direcções de tutela, dando o
cronograma das actividades do partido Frelimo e as contribuições necessárias ao
congresso.
Qualquer prova elucidativa pode ser
encontrada, por exemplo, na Direcção de Saúde da Cidade de Maputo e nos
gabinetes do comandante e chefe das Operações da PRM no Comando Distrital da
Polícia da República de Moçambique em Boane, bem patentes num quadro. (Bernardo
Álvaro/ Redacção)
Fonte: Canalmoz – 12.09.2012
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