domingo, setembro 23, 2012

Preços altos e contradições sob o sol escaldante de Pemba

À noite, num restaurante mais selecto, junto ao porto, repleto de ministros, gestores públicos, jornalistas e assessores, os vinhos sul-africanos e portugueses eram vendidos a partir de 500 meticais.


Por uma semana, o poder político de Moçambique mudou-se para Pemba, uma cidade no norte do país, habitualmente sonolenta e que ainda não despertou completamente para os efeitos da invasão: hotéis cheios, voos lotados e preços mais caros.

“Desde quando é que um prato de lulas custa 400 meticais?” (cerca de 12 euros), perguntava, sem sucesso, o único “paisano” num mar de camisetas, bonés e lenços da Frelimo, na praia urbana do Wimby, escreve Agência Lusa.

À noite, num restaurante mais selecto, junto ao porto, repleto de ministros, gestores públicos, jornalistas e assessores, os vinhos sul-africanos e portugueses eram vendidos a partir de 500 meticais, mas arranjar mesa era quase tão difícil como um oponente interno de Armando Guebuza ser eleito para o comité central.

O X Congresso da Frelimo, partido no poder em Moçambique desde a independência, em 1975, é o congresso de Armando Guebuza, da sua re-consagração partidária, apesar de dentro de meses abandonar a chefia do Estado. Ou, talvez, por isso mesmo.

Ontem, no dia do arranque do congresso, o semanário Domingo não poupava nas palavras para descrever o candidato, sem adversário, à sua sucessão na Frelimo: “Homem de negócios brilhante, líder político pragmático, para gáudio das bases do partido que nunca se sentiram esquecidas”, pode ler-se no editorial do jornal detido pelo Banco de Moçambique.

E Guebuza voltou, ontem, a sorrir às bases quando assegurou que os militantes não eleitos para o congresso são tão bons ou melhores quanto os delegados ali presentes e, depois, teve um momento inolvidável de propaganda do tipo comunista asiático, quando garantiu que “até há machambas (hortas) que levam o nome do X Congresso”.

Fonte: O País online - 23.09.2012

Sem comentários: