Todo Protocolo Observado
Antes de mais quero através deste
pódio endereçar felicitações com particular afeição ao MPD - Movimento pela
Democracia, em Cabo Verde pela vitória inequívoca histórica e arrasadora sobre
PAICV, como um exemplo flagrante de uma transparência a ser replicada pelos
PALOP. Ainda neste contexto esta vitória face ao gigante de pernas de barro é
um Preludio dos indomáveis ventos da alternância democrática que vem em
direcção a Moçambique cuja materialização chama-se Movimento Democrático.
Caros deputados
Proponho-me a falar nesta
comunicação antes da Ordem do Dia sobre o impacto das más opções económicas
tomadas pelos sucessivos governos dos últimos quarenta anos, com mais ímpeto
para os últimos dez anos onde assistimos a proliferação de investimentos de
duvidoso interesse público e eivados de fortíssimos indícios de corrupção.
A título de exemplo estão os
negócios da EMATUM, Ponte Maputo-Catembe, circular de Maputo, Barragem
Moamba-Major, Ponte de Unidade, Ponte Kassuende em Tete, entre outras
infraestruturas que vão engrossar a lista de elefantes brancos onde pontifica o
chamado complexo do Estádio Nacional do Zimpeto.
A propósito da EMATUM, queríamos
chamar atenção ao nosso povo que o actual Governo juntamente com a PGR, no
lugar de empreender uma operação LAVA-ATUM e levar a justiça os obreiros deste
rombo ao povo moçambicano, preferem renegociar juros já por si especulativos,
por juros criminosos típicos dos agiotas internacionais. É que não se percebe
como é que um país como o nosso propõe-se a pagar juros na ordem de 10,5%. Mais
grave ainda é adiar a resolução de um problema para 2023. Uma clara
irresponsabilidade que devia merecer um veemente repúdio desta câmara.
Enquanto o governo defende
criminosos e a PGR finge que não vê, no Brasil assistimos a um verdadeiro cerco
a corrupção e seus agentes, com a operação LAVA JACTO. Foram presos e
condenados executivos de empresas que mantêm relações empresariais com a elite
política e empresarial ligada ao Governo de Moçambique.
Referimo-nos aos donos das
empresas Odebrecht e Andrande Gutierrez, esta última citada no processo lava jato
como tendo ganho o concurso da construção da Barragem Moamba Major avaliada em
500 milhões de dólares com base na influência movida pelos Governos do Brasil
junto do anterior Governo de Moçambique.
Mas há outros negócios estranhos
com os detidos da operação lava jato: Alguém conhece os contornos do sistema de
transporte BRT que será construído pela Odebrecht na cidade de Maputo. O dono
desta empresa brasileira foi condenado a 19 anos de prisão pelo seu
envolvimento em esquemas de corrupção no Brasil.
Recordamos aqui que foi a
Odebrecht a responsável pela construção do elefante branco, também conhecido
por aeroporto internacional de Nacala, financiado por um banco também suspeito
de práticas corruptas denominado BNDS, Banco Nacional de Desenvolvimento Social
do Brasil. Ficam aqui expostas as teias de corrupção que para além da língua
nos ligam ao Brasil. Perante estas graves acusações, que põe em causa o Estado
moçambicano, seria de esperar que o Ministério Público fosse proactivo e
incisivo na investigação por forma a apurar a veracidade dos factos.
Infelizmente tal não vai ocorrer porque o poder judicial participa, apadrinha e
senta-se à mesa do banquete da corrupção.
É por estes motivos que o nosso
país está hoje mergulhado numa crise económica, social, financeira, política e
militar. Enquanto Bancada Parlamentar do MDM, apelamos ao parlamento para
agendar com urgência um debate nacional em torno destas questões, cuja
resolução é um imperativo nacional.
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