Por Adelino Timóteo
Camarada
vice-ministro. Veríssimo significa Muito Verdadeiro. Veríssimo é também um nome
respeitável.
O que não pode ser
veríssimo é a surpreendente declaração à TEVÊÉME da sua homonomia vice-ministro
afirmando em total desconexão que a sua equipa de pesquisa “não encontrou
evidências que provam alegados abusos dos direitos humanos por parte das forças
de defesa e segurança em Kapesi”.
Ora, é aqui que o
vice-ministro prova ter sido menos verdadeiro.
É aqui que admite
implicitamente haver uma margem de erro abismal nos resultados da sua pesquisa.
A admissão de se
proceder a reavaliação é só sintomático de uma falta de método na pesquisa do
meu amigo Muito Verdadeiro.
Até prova em
contrário, o seu resultado não é de fiar. Não nos fornece a margem de erro, nem
afirma os procedimentos seguidos no apuramento de tal conclusão.
O Muito Verdadeiro
vice-ministro, ao pronunciar-se nos termos em que se pronunciou sobre a
conclusão da pesquisa, não só põe em dúvidas a capacidade da sua equipa, como
também a idoneidade dos resultados, que, mesmo que certos, não conferem
plausibilidade, pelo grau de hesitação com que o difunde.
Algo parece ter
querido deixar claro que os resultados do relatório foram uma encomenda, uma
encenação mal interpretada, que expõe o Muito Verdadeiro amigo vice-ministro ao
ridículo. A mim, que bem o conheço, meteu-me dó ver o Muito Verdadeiro
paradoxalmente enganando a si próprio, com todos os dentes da boca, que não
achou evidências que não queria achar. Fazendo textualmente coro com o
governador de Tete, outro infelizardo que há poucos dias apareceu na STV
fazendo “pronunciamentos” forçosos, de deixar a uma criança corada – não é
preciso ser tão claro para corar.
O que a mim me
deixou encabulado, não é só o ridículo como o Muito Verdadeiro saiu TEVÊÉME,
como o titubeante resultado a que chega, demonstrando estar tão inseguro como
demonstrando propensão a manipulação, que hoje em dia, desculpa-me a
frontalidade, se tornou o carácter e o requisito básico para nomeação dos
dirigentes ao nível do nosso Estado.
Tirando o facto de
que deu para matar saudades assisti-lo na TV, vendo o Muito Verdadeiro amigo a
falar não deixou dúvidas de que, se pudéssemos sujeitá-lo a um detector de
mentira, veríamos o aparelho ridicularizá--lo, e à equipa que comandou.
De um momento para
o outro, têm sido os nossos dirigentes apanhados desprevenidamente a tentar
proceder a arranjos que os levam a perder compostura que não lhes fica bem,
pelo respeito que merecem, pelo cargo nobre que representam, muito caros à
imagem do nosso país. Parece estarmos a lidar com dirigentes rascas em cada
tentativa “desconseguida” de tapar o sol com a peneira.
Parece-me querermos
reincidir que a estupidificação tornou-se um critério básico e legível a
nomeação dos membros do Governo e responsáveis do Estado, desde o nível
inferior até ao escalão mais alto.
De um momento para
a outro, quer me parecer que somos forçados a nos conformar com as afirmações
de dirigentes deste Estado, de tão espantosas, tão caricatas e ridículas, que
podem indignar os cães, os gatos, as cobras, os pássaros, e menos a eles
próprios, o que é uma pura desgraça de um país pobre como o nosso.
Um aviso à
navegação: era de todo urgente que, no lugar de se inventarem escapatórias ou
eufemismos tendentes a agradar aos chefes, que os dirigentes do Estado relevem
que em primeiro lugar há que prestar leais serviços ao povo e à Pátria Amada.
Auguro que, na reavaliação da sua pesquisa, o Muito Verdadeiro amigo se cuide
de fazê-lo de forma imparcial, o que influiria na percepção sobre o que
realmente falhou neste novo ciclo de guerra entre as arquirrivais Frelimo e
Renamo, que a nós que sofremos as mazelas dos dois, muito cansam ao povo
sofredor pisoteado como se de capim se tratasse. (Adelino Timóteo)
Fonte: CANALMOZ – 16.03.2016
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