...como disse o
autor do impeachment contra Fernando Collor de Mello, em 1992, o ex-bastonário
da Ordem de Advogados Brasileira, Marcello Lavenère, que esta agora a defender
Dilma, e Lula por arrastamento: “Gostemos ou não dela, não há qualquer crime
que ela tenha cometido, daqueles previstos e que está sujeita a perder o cargo.
O que não se pode é inventar uma razão para tirá-la da Presidência. A oposição
actua contra ela desde sua eleição e aposta naquela história do que se
candidata, não se elege; se eleita, não toma posse; se toma posse não governa”.
Eh a política do
bota abaixo, que no nosso caso corresponderia a um bota abaixo dentro do
Partido Frelimo, uma caca as bruxas entre as elites da luta de libertação, que
ninguém, cremos, apoiaria no actual contexto de crise económica e instabilidade
política. Moçambique precisa de uma Frelimo coesa para cumprir o mandato
confiado pelos eleitores. No nosso caso, com as devidas proporções, uma
operação lava jato teria efeitos por ventura mais nefastos na sociedade. Uma
fractura no partido originaria uma constelação multipolar de facções,
descambando para uma ruptura da unicidade do Estado (um das pretensoes da
Renamo). Uma fractura no partido levaria o pais a uma crise sem precedentes,
uma crise por cima doutra que deve ser resolvida urgentemente: a crise da paz
podre em que vivemos. Quer se queira quer não, a Frelimo eh ainda um
instrumento fundamental para a manutenção de nossa unidade nacional. (...)
Temos de arranjar
outra forma de tratar dos nossos problemas de integridade. Queremos Justiça
forte e impiedosa? Sim. Mas o contexto favorece uma certa arqueologia dos
atropelos ao bem público? Talvez não. Então, marquemos uma divisória, uma certa
amnistia, e partamos para um novo quadro de tolerância zero onde outras lava
jatos possam tomar lugar sem o potencial de desestruturar os já frágeis
alicerces da nossa estabilidade política. (...)
Excertos do
Editorial do Jornal Publico, na sua edição de amanha.
Fonte: Mural de
Marcelo Mosse – 20.03.2016
P.s. Marcelo Mosse
diz que são apenas excertos do editatorial a ser publicado amanhã. Daí, há
muita ânsia para ler o texto na íntegra.
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