Um cidadão cuja identidade não apurámos morreu vítima de um disparo protagonizado por um agente da Polícia de República de Moçambique (PRM), na noite de terça-feira (04), na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, por razões até aqui desconhecidas.
O homicídio deu-se no bairro de Cariacó. A população revoltou-se e amotinou-se defronte do Comando Provincial da PRM exigindo justiça. O @Verdade apurou que a vítima encontrou a morte quando estava a passear com o seu irmão pela urbe.
Durante o trajecto, na Avenida 25 de Setembro, os dois irmãos aperceberam-se de que estavam a ser seguidos por um carro da Polícia. Eles continuaram a marcha, mas chegados à zona do Embondeiro, um elemento da Polícia entrou na carroçaria da viatura em que os dois irmãos se faziam transportar sem permissão.
Nesse instante, o malogrado, que estava no volante, imobilizou o veículo para entender o que se estava a passar. De repente, o policial sacou uma arma disparou contra o cidadão na cabeça. Este morreu imediatamente.
O autor do disparo que deixou a cabeça do finado quase desfeita está supostamente detido para averiguações. A Polícia disse que aguarda pelo fim do inquérito em curso para se pronunciar com detalhes sobre o caso.
Entretanto, a família do malgrado, acompanhada por uma multidão, fez-se ao Comando Provincial da PRM em Pemba para entender o que se passou e exigir justiça.
No local, os parentes da vítima foram aconselhados a realizar o enterro por conta própria e só mais tarde é que voltaria para saber por que motivo o seu ente querido foi morto, bem como discutir os outros aspectos relacionados com o caso. A situação não agradou os populares, que a todo custo pretendiam sair dali com uma solução a seu agrado.
Mas os parentes do malogrado, que vivia no bairro de Natite, não aceitaram arcar com as despesas por conta própria. A Polícia cedeu e manteve um encontro com ele, e garantiu que iria prestar o devido apoio. Daí, os nervos à flor da pele baixaram e os insurrectos acataram os apelos para pautarem pela calma.
Este é mais um homicídio que consubstancia que a PRM “parece ter licença para matar”, segundo disse a Amnistia Internacional, em 2008, quando se queixou da escalada da violência perpetrada pela polícia moçambicana contra pessoas indefesas.
A 11 de Setembro passado, um cidadão identificado pelo nome de Rafael Muthambe perdeu a vida no bairro 25 de Junho “B”, em Maputo, em consequência de ter sido violentamente atingido por projécteis disparados por elementos da PRM. Um outro jovem foi ferido na perna direita.
A 23 do mesmo mês, uma criança de três anos de idade, identificada pelo nome de Chocolate Jamal Armando, perdeu a vida, na cidade da Beira, província de Sofala, ao ser atingida por uma bala perdida, disparada por um agente da Polícia, que em vez de prestar assistência à vítima, optou por empreender uma fuga que durou pouco tempo.
Dias depois, no mesmo mês, um outro cidadão foi também ferido a tiro por um elemento da PRM afecto ao posto de controlo de Nhongonhane, no distrito de Marracuene, província de Maputo. A vítima, alvejada na face, encontra-se internada no Hospital Central de Maputo (HCM), desde quinta-feira (29).
Estes são apenas alguns casos de baleamento de pessoas indefesas, de uma lista extensa que vegeta nos gabinetes das autoridades. Os parentes do falecidos e os sobreviventes são só se queixam da demora no andamento dos processos para que a justiça seja feita, como também consideram que a responsabilização dos autores dos disparos é fraca ou nula.
Fonte: @VerdadeVerdade – 06.10.2016
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