Investigador moçambicano revela documentos divulgados pelo Departamento de Estado americano.
O único sobrevivente da tripulação soviética do avião em que morreu o Presidente moçambicano Samora Machel refutou a tese de que alguém tivesse sabotado o avião como alegou recentemente o general Jacinto Veloso.
O mecânico de bordo Vladimir Novessolov negou também alegações do então ministro da Segurança, Sérgio Vieira, segundo as quais estavam proibidos os voos nocturnos do avião presidencial e que o voo nocturno foi feito por ordem do malogrado Presidente.
Vladimir Novessolov sobreviveu ao acidente e foi levado para um hospital em Pretória, de onde as autoridades soviéticas o levaram sem permitir que ele tivesse contacto com a comissão de inquérito criada posteriormente.
As declarações de Novessolov foram feitas ao escritor e investigador moçambicano João Cabrita, que anteriormente publicou um livro sobre a morte de Samora Machel.
Em conversa com a VOA, Cabrita diz ter agora em sua posse documentos do Departamento de Estado que desmentem que os Estados Unidos e a Grã Bretanha se tivessem recusado a participar nas investigações.
O antigo governante moçambicano Sérgio Vieira afirmou anteriormente que a “única interpretação diplomática” dessa recusa era que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estavam cientes de que se tinha tratado de um acto de terrorismo de Estado desde o início.
Contudo, entre os vários documentos que João Cabrita obteve consta um do Secretário de Estado a informar que os Estados Unidos estão dispostos a enviar um perito para ajudar os governos de Moçambique, Rússia e África do Sul nas investigações.
“A questão que se levanta é que sendo o Sr. Sérgio Vieira membro da Comissão Nacional de Inquérito e na altura ministro da Segurança será que ele não tinha conhecimento destas diligências do Governo dos Estados Unidos?”, interrogou João Cabrita, que recordou que Moçambique se retirou da Comissão de Inquérito sul africana, em que participou um americano e um britânico, depois da União Soviética dizer que não iria participar.
“Moçambique estava disposto a participar porque já havia pedido à Africa do Sul que indicasse uma firma de advogados que pudesse participar nessa fase de inquirição mas acabou também de se retirar por decisão do Bureau Político da Frelimo,” disse Cabrita.
No que diz respeito às alegações de Jacinto Veloso, aquele investigador disse que o general tinha afirmado que a União Soviética era responsável pelo acidente de Mbuzini porque “Samora Machel era um homem a abater” devido às suas recentes aberturas ao Ocidente.
“O major general jacinto Veloso diz que um agente de um país de leste teria entrado no Tupolev quando este estava estacionado em Mbala no norte da Zâmbia e sabotado os instrumentos”, lembrou João Cabrita, que diz ter colocado a questão ao mecânico Vladimir Novessolov que "garantiu que ninguém terá entrado no avião, quer na secção de passageiros quer na cabine de pilotagem”.
Fonte: Voz da América – 24.10.2016
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