O DEPARTAMENTO do Tesouro dos Estados Unidos não apresenta provas, mas mantém as acusações que ditaram a inclusão do nome do empresário moçambicano Momade Bashir Suleman, proprietário do Grupo MBS, na lista dos cinco maiores barões do narcotráfico no mundo. Falando ontem num vídeo-conferência promovida a-propósito pela Embaixada norte-americana em Maputo, o Director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros (OFAC) naquele Departamento, Adam Szubir, apenas disse, a partir de Washington, que os Estados Unidos têm indicações de que Momade Bashir importa droga da Índia e do Leste da Ásia, que transita por Moçambique a caminho da Europa, posição que, segundo ele, se funda em argumentos de natureza meramente administrativa. Mas mesmo perante perguntas de insistência dos jornalistas não apresentou evidências.
Numa conversa que durou pouco mais de uma hora, Adam Szubir foi explicando aos cerca de cinquenta jornalistas presentes que Bashir pratica os aludidos actos de narcotráfico em território moçambicano, mas escusou-se a dizer se, da investigação levada a cabo pela inteligência do seu país, há ou não evidências de conivência de indivíduos ou instituições ligados ao Estado ou Governo moçambicano.
Perante a contínua insistência dos jornalistas, que queriam ouvir factos sobre o envolvimento de Bashir no tráfico de droga, Szubir disse que não se está perante um processo-crime em que as provas devem ser presentes em tribunal e rebatidas em sede de julgamento, mas que se trata de um processo administrativo, regido com base em leis norte-americanas, e orientado para a protecção do sistema financeiro norte-americano contra o dinheiro proveniente do narcotráfico.
Os jornalistas também procuraram saber do director do OFAC o que é que Momade Bashir teria de fazer para ver o seu nome retirado da aludida lista. Sobre isso, a fonte disse apenas que o visado precisa de se desligar das alegadas redes com as quais está alegadamente envolvido, e provar com acções que está a cumprir a lei contra o narcotráfico. Ainda assim, segundo Szubir, Momade Bashir teria que fornecer ao Governo norte-americano um conjunto de documentos que lhe seriam solicitados na circunstância, num processo visando aferir a sua credibilidade, antes de se tomar uma decisão sobre a sua retirada da lista.
A uma pergunta sobre se nas condições actuais Momade Bashir pode viajar para os Estados Unidos sem o risco de ser preso pelas autoridades locais, Adam Szubir disse que a decisão de autorizar a viagem de Bashir é da exclusiva competência do Departamento do Estado, responsável pela concessão de vistos de entrada, sendo que o poder de decidir sobre a detenção ou não de Bashir é da competência do Departamento de Justiça que, segundo ele, só o faria caso o acusado estivesse a ser procurado pela justiça norte-americana.
Sempre com respostas evasivas, Adam Szubir também se escusou a falar do nível de colaboração que o seu Governo teve das autoridades moçambicanas na investigação do caso, tendo remetido esse assunto ao fórum das relações diplomáticas entre os dois países.
Garantiu, no entanto, que o seu Governo vai continuar a investigar e a controlar os movimentos e negócios de Bashir, advertindo que a qualquer momento o Governo norte-americano poderia decidir “tomar outro tipo de acções”, caso os resultados das investigações tragam evidências que justifiquem tal medida.
Entretanto, segundo ele, tal como acontece com outros países, o Governo norte-americano diz estar disposto a trabalhar com as autoridades moçambicanas, não só neste caso como também na identificação e direccionamento de acções concretas contra os narcotraficantes.
Fonte: Jornal Notícias - 10.06.2010
Reflectindo: 1) tentarei publicar o que vários jornais da pracca escrevem sobre a conferência de hoje. 2) Acompanhei a entrevista da Rádio Mocambique a alguns jornalistas que estiveram na conferência.
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