- acusou ontem, directamente, o director do OFAC no Departamento de Tesouro americano, Adam J. Szubin, em vídeo-conferência com jornalistas em Moçambique. E deixou claro que as provas da acusação não são para a Imprensa. O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros, do Departamento do Tesouro dos EUA, recomendou que autoridades, bancos e empresas de transporte não percam de vista as actividades de Bachir Todas as transacções financeiras de Bachir e das suas empresas, que estão incluídas na lista dos narcotraficantes, não deverão passar pelo sistema financeiro norte-americano, pois, caso passem, “serão confiscadas e congeladas”, garantiu Adam J. Szubin.
Maputo (Canalmoz) – A vídeo-conferência de imprensa concedida aos jornalistas moçambicanos, pelo director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros, do Departamento do Tesouro dos EUA, Adam J. Szubin, não serviu para apresentar elementos que comprovem as acusações sobre o envolvimento do empresário moçambicano no mundo da droga e da lavagem de dinheiro. Foi apenas para explicar os procedimentos seguidos pelos Estados Unidos da América para declarar Momade Bachir Sulemane como um “barão da droga” e um “lavador de dinheiro”.
O facto de não terem reveladas evidências ou provas concludentes irritou alguns jornalistas presentes na conferência, que esperavam ver ou ouvir provas sobre o narcotráfico de que está acusado o presidente do grupo MBS.
Ainda que a intervenção de Adam Szubin não tenha sido do agrado de muitos jornalistas, que exigiam as provas da acusação que pesa contra Bachir, a intervenção do alto funcionário do Departamento de Tesouro americano serviu para trazer mais alguns elementos que agora atingem directamente instituições do Estado moçambicano, e colocam sob aviso bancos e empresas de transporte.
Adam Szubin disse que Bachir importa drogas da Ásia para Moçambique, e de Moçambique exporta-as para o continente europeu. Falou especificamente da Índia.
Szubin referiu que as investigações que levaram à decisão que os EUA tomaram sobre Bachir, é sustentada por constatações baseadas em informações de vários outros governos.
Questionado se nestas operações de comércio internacional de droga o empresário moçambicano conta com alguma facilitação ou mesmo colaboração das autoridades nacionais, entidades bancárias ou outras em Moçambique, Adam Szubin disse que não vai dar mais elementos sobre estas questões que envolvem o Governo e a banca, mas recomendou que as instituições do Estado, banca e transportadores tomem muita atenção às acções de Bachir e suas empresas.
Aliás, muitas foram as questões que o director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA contornou, precisamente as que envolvem entidades de direito, sejam elas públicas ou privadas.
Adam Szubin recusou-se a dizer explicitamente que em Moçambique há pessoal das alfândegas que eventualmente é conivente com Bachir, assim como se o partido Frelimo, que tem recebido doações deste empresário, está a ser financiado pelo dinheiro do tráfico de droga. Estas questões foram levantadas pelos jornalistas, na tentativa de ouvir da boca de Adam Szubin qualquer prova do envolvimento de Bachir no tráfico ou de conivência do Governo com as suas acções.
Adam Szubin foi prudente e não deixou escapar dados que pudessem comprometer os interesses norte-americanos nas suas relações diplomáticas com Moçambique, mas ao mesmo tempo não deixou de responder às mais de 30 questões que lhe foram colocadas, embora na maioria das vezes abrisse a boca só para dizer “I can´t comment about it” (“Não posso comentar sobre isso”).
Neste cenário, alguns jornalistas ficaram irritados e retiraram-se de uma das duas salas onde decorria a videoconferência. Outros ficaram a murmurar, exigindo “evidências” de que Bachir é de facto traficante de droga.
Só na sala principal, onde se encontravam representados os principais órgãos de Imprensa do país, os jornalistas puderam colocar questões a Adam Szubin.
A vídeo-conferência de imprensa durou sensivelmente uma hora.
Instituições moçambicanas devem investigar
Adam Szubin aconselhou aos bancos, agências de viagem e de transportes e autoridades governamentais que investiguem o cidadão moçambicano Momade Bachir Sulemane, e frisou: “esta tarefa não cabe aos EUA”.
O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA deixou bem claro que o objectivo dos Estados Unidos da América ao declarar Bachir “barão da droga” visa apenas evitar que os cidadãos norte-americanos tenham relações com o alegado “narcotraficante”, para não permitir que Bachir use o sistema financeiro norte-americano.
Todas as transacções de Bachir passarão a ser confiscadas
A este respeito, Adam Szubin disse que todas as transacções financeiras de Bachir e das suas empresas, que estão incluídas na lista dos narcotraficantes, não deverão passar pelo sistema financeiro norte-americano, pois, caso passem, “serão confiscadas e congeladas”.
Retirada da lista só se deixar de praticar o tráfico
Questionado sobre a possibilidade de o nome de Bachir vir a ser suprimido da lista dos “barões da droga”, Adam Szubin respondeu que “embora essa possibilidade seja quase nula”, isso poderá suceder se “Bachir deixar de praticar o tráfico de drogas e provar aos EUA que o fez”.
Adam Szubin recordou que aos narcotraficantes integrados na Lista 1 – é o caso de Bachir – raramente lhes é retirada a designação de “barões da droga”, pois estes movimentam grandes quantidades de droga e dificilmente deixam de praticar o tráfico.
Sobre se Bachir tem ou não bens nos EUA, Adam Szubin optou por não comentar.
Contra Bachir não há nos EUA nenhum processo judicial
Szubin também deixou claro que contra Bachir não corre nenhum processo judicial, neste momento: “Trata-se apenas de sanções de índole administrativa que lhe foram aplicadas”.
(Fernando Veloso e Borges Nhamirre)
Fonte: CanalMoz - 10.06.2010
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