A Ordem dos Advogados de Moçambique responsabilizou esta quinta-feira a
ministra da Justiça pela rejeição do candidato do país ao Tribunal Africano dos
Direitos Humanos, considerando que o Governo evitou o risco de ter na instância
uma figura incómoda.
A União Africana
(UA) chumbou recentemente o candidato apresentado pelo Governo moçambicano,
Ângelo Matusse, procurador-geral Adjunto, a juiz do Tribunal Africano dos
Direitos Humanos por a sua candidatura não ter seguido os procedimentos
exigidos.
O executivo
preteriu o jurista e académico Gilles Cistac, francês naturalizado moçambicano,
que recebeu o apoio da sociedade civil para se candidatar ao cargo, mas que não
avançou devido à oposição do Governo.
Gilles Cistac é
conhecido por posições de equidistância em relação às posições das autoridades
e recentemente defendeu a prisão do comandante-geral da polícia, Jorge Khalau,
por ter afirmado que a polícia não deve obediência às ordens dos juízes.
Numa posição
expressa em editorial do Boletim da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), o
bastonário Gilberto Correia critica a ministra da Justiça, Benvinda Levi, por o
país não ter colocado um juiz no Tribunal Africano dos Direitos Humanos, apesar
de ter sido convidado pela UA.
"Evidentemente
que, para além do Governo no seu todo, duas individualidades mais directamente
envolvidas no processo também saem beliscadas. Uma, é sem dúvidas, a ministra
da Justiça, por ter permitido que todo este processo embaraçoso corresse sob
sua gestão. E ainda por nada de evidente ter feito para respeitar as regras de
jogo ou para prevenir este desenlace indecoroso", diz Gilberto Correia.
Outra figura cuja
reputação foi prejudicada no processo, assinala o editorial da OAM, é o próprio
candidato apresentado pelo Governo, pois "tinha a especial obrigação de
não deixar o seu bom nome profissional ser envolvido nesta embrulhada".
"A nossa
maior indignação vai para o facto de percebermos que o Governo preferiu
apresentar um candidato que dificilmente seria eleito do que abrir o processo
ao escrutínio da sociedade civil e correr o risco de ser escolhido outro
candidato ou até mesmo o Professor Cistac, cujas posições públicas não são do
agrado de alguma elite política", refere o bastonário da OAM.
Fonte: Rádio Mocambique/Lusa – 03.08.2012
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