quarta-feira, janeiro 12, 2011

PROGNÓSTICOS SEM PROFECIAS PARA 2011 (I)

Por Eleutério Finita

Será, economicamente, um ano dolorosamente mais difícil do que o anterior. Já apertado ao limite, o cinto da sobrevivência corre o risco de estalar. E com ele rebentarem novos focos de tensão social.
Politicamente, vai decidir e dizer muito, este 2011 ainda na sua infância, sobre o que nos reservam os próximos cinco a dez anos. Embora o carimbo oficial da confirmação tenha de esperar pelas formalidades, em Congressos e Plenários, este é o ano em que se vão fazer escolhas, desenhar estratégias e aprovar instrumentos com a mira nos próximos pleitos eleitorais – pedras basilares e consolidação da estrada da democracia e do estado de direito que trilhamos desde 1994.
Na arena desportiva são de risco elevado vários eventos em que estamos envolvidos. Receio pelo que possa e não possa acontecer. Antevejo entretanto brilharetes noutras frentes. Mas, vamos por partes:

E Depois dos Subsídios?

Nada invejável e um caso de estudo a bicuda posição em que se encontra o Governo. Adoptadas as medidas paliativas com que respondeu aos protestos de Setembro contra o agravamento do custo de vida, o executivo debate-se agora como dilema da sustentabilidade. Março é o horizonte mas o céu não é e nunca foi o limite. Até quando, então? Sob cuidados intensivos, na sala de reanimação e com prognóstico reservado continua o paciente, que é o Moçambique real, dos elevados índices de pobreza rural e urbana, o país das altas taxas de desemprego, o país da crónica insegurança alimentar. E como se não bastasse, a Portugal, um dos nossos principais parceiros comerciais, espera um aparentemente inevitável recurso ao FMI para sair da crise em que se encontra. Ano difícil e volátil este, o que nos espera.

Sucessor de Armando Guebuza

Para 2012 está marcado o Congresso da Frelimo. Tenho todavia para mim que, até lá, as coisas já estarão devidamente encaminhadas.
Que, na verdade, até lá já haverá, ainda que sigilosa e tacitamente, um acordo quanto ao nome sobre o qual recairá a missão de suceder Armando Guebuza, ao leme do partido no poder, e, potencialmente do país. E isso deverá acontecer já ao longo deste ano, vaticino com alguma certeza. Duvido que um partido com o peso que a História, as lições aprendidas e as ambições dão à Frelimo deixe uma decisão de um valor tão estratégico para mais tarde...

Futuro de Afonso Dhlakama

Sem muitas certezas quanto ao futuro do seu leme parece estar a Renamo. No seio dos seus militantes, com destaque para os seus Deputados, a estratégia escolhida para ser a de tirar partido do que parecem ser os últimos suspiros políticos de Afonso Dhlakama.
Ao líder dão-se e cantam-se vivas, mas no fundo no fundo e em privado, há indicações de frustração e insegurança políticas. O mais grave, do ponto de vista de uma democracia que se pretende verdadeiramente democrática, é que não se vislumbra uma eventual alternativa interna a Dhlakama. Há quem defenda uma reconciliação entre uns e outros, uma reabilitação da sofrida e desgastada imagem da Renamo. Se não for este ano, é o fim...

Daviz Simango e Ambições

Sob fogo cruzado dos seus detractores, Daviz Simango terá de ponderar os próximos passos. Concorre, em 2013 à sua própria sucessão na Presidência do Conselho Municipal da segunda maior cidade do país? Ou concentra-se no prémio maior que são as Presidenciais do ano seguinte? No primeiro grande teste que foram as ultimas eleições gerais, Simango e o seu Mo v ime n t o D emo c r á t i c o d e Moçambique, lograram o invejável e histórico feito de amealhar votos em 'terras' alheias, como foram o caso de fatias do eleitorado do 'cimento' tradicionalmente 'simpáticas' a outras cores. Só que isso, por si só - e tanto Daviz como o MDM sabem disso – não basta. Há que atacar outras fatias do 'eleitorado ', de que se lembram os políticos apenas em tempo de campanha...A ser feito algo, só pode começar este ano...(x)

Fonte: Wamphula Fax - 12.01.2011

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