Um verdadeiro teste à democracia africana
As eleições não só vão implicar mudança das lideranças políticas, mas também têm a potencialidade de inaugurar um ciclo de instabilidade em torno dos resultados
O Sudão inaugurou o ano eleitoral em África, com um referendo de quase uma semana, que deverá fazer emergir no continente negro um novo Estado. Na mesma senda de exercícios políticos, vão seguir-se mais de 20 países africanos, dentre os quais a Nigéria, a República Centro Africana (RCA) e a República Democrática do Congo (RDC). Neste rol de países, que se inclui também a democracia mais estável de África (Cabo Verde), não só se esperam desenvolvimentos positivos, mas também múltiplos cenários negros. Países como o Zimbabwe e Madagáscar são alguns dos exemplos que fazem o continente recear uma nova onda de instabilidade, com possíveis consequências humanitárias. O arranjo político do Zimbabwe, concebido à luz do Acordo Político Global (APG) de Setembro de 2008, ainda não deu garantias da exclusão da violência em disputas eleitorais, que poderão ser assistidas. Embora num contexto diferente, o mesmo pode ser esperado do Madagáscar, onde Andry Rajoelina tem vindo a fortificar a sua liderança.
Garantia da paz
Segundo o “angola24horas”, os cartazes dos candidatos já são visíveis na capital da RCA, Bangui, que no próximo dia 23 elege o Parlamento e o presidente da República. O actual chefe de Estado, Francois Bozize, tido como “O Construtor” e “O Unificador” do país, concorre a um segundo mandato, depois de eleito em 2005. Bozize já estava no poder há dois anos, graças a um golpe de estado. Os adversários são o ex-primeiro ministro, Martin Ziguele; o presidente derrubado pelo golpe de 2003, Ange-Felix Patasse (1993-2003); e o ex-ministro da defesa e líder rebelde, Jean-Jacques Demafouth.
Fora a simples transição do poder, as eleições constituem em África o espelho do avanço da democracia, sendo que em alguns casos são afectadas pelos casos de violência pós-eleitoral que tendencialmente levam à formação de governos de coligação. Aliás, quando bem-sucedidas as eleições, podem ser tidas como um gesto de reconciliação nacional devido à convergência na futura liderança do país.
segundo Greg Mills, consultor de vários governos africanos citado pelo “angola24horas”, “Não devemos deixar que os problemas da Costa do Marfim (…) se imponham à imagem da África como um todo. Há muitos países tendo enormes progressos”. Por outras palavras, as eleições serão um teste à democracia africana, mas nem por isso implicarão o inaugurar de um ciclo de instabilidade, tal como sucede agora com a Costa do Marfim.
A 6 de Fevereiro, Cabo Verde escolherá o seu novo governo. O país é um dos poucos do continente negro onde a oposição venceu, governou e deixou o poder depois de dez anos, também pelo poder do voto. O actual primeiro-ministro, José Maria Neves, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, que governou o país durante os anos socialistas de partido único, concorre contra o Movimento para a Democracia, liderado por Carlos Veiga – que também já foi primeiro-ministro, entre 1991 e 2001. Também inscreveram candidatos a União Cabo-verdiana Independente e Democrática e o Partido do Trabalho e Solidariedade.
A Gâmbia, na África Ocidental, terá novo presidente depois de 16 anos. Yahya Jammeh, que chegou ao poder em julho de 1994 depois de um golpe de Estado, não concorrerá ao quarto mandato. O presidente, de 45 anos, disse que o caos vivido em outras nações africanas por causa das eleições não se vai repetir no país. “Qualquer pessoa ou qualquer partido político que desejar perturbar o país durante a campanha eleitoral de 2011 não será tolerado”, afirmou, segundo a agência estatal.
No Egipto, Hozni Mubarak, de 82 anos, na presidência desde 1981, ainda não disse se concorrerá à sexta reeleição, em Setembro. O seu filho Gamal é apontado como possível candidato do Partido Nacional Democrático (PND). Nas legislativas de Novembro, o PND ficou com 83% dos assentos do Parlamento, no meio de acusações de fraude e boicote à Irmandade Muçulmana.
Madagáscar, que enfrentou uma tentativa de golpe de Estado em Novembro, também terá eleições. Andry Rajoelina, que resistiu no cargo – e também chegou ao poder pela força – modificou a Constituição para poder concorrer.
Fonte: O País - 18.01.2011
1 comentário:
que pena e o pior é que os 300 dólares por cada passageiros fazem com que até pessoas bem posicionados na sociedade entrem la para ter os 300 dólares, assim o meu moçambique vai lutando contra a pobreza como diz o tio patinhas
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