segunda-feira, janeiro 03, 2011

Figura Internacional de 2010

Julian Assange coloca diplomacia mundial de calças na mão

O homem de que se fala nasceu na Austrália, em 1971. Com 16 anos - estávamos em 1987 - recebeu um computador Commodore 64.Ligou-lhe um modem e entrou no mundo da troca de informação entre computadores.”É como o xadrez”, disse uma vez à revista New Yorker.
“O xadrez é muito austero, na medida em que não tem muitas regras, não tem acasos e o problema é muitodifícil”. Assange estudou matemática e física na Universidade de Melbourne. Criado sem qualquer influência religiosa, o jovem Assange, segundo a mãe, mostrou desde sempre o desejo de fazer o que considerava ser justo.
Em plena crise diplomática mundial, provocada pela divulgação, pelo “seu” Wikileaks, de milhares de documentos confidenciais, a sua mãe comentava o receio: Assange tornou-se “demasiado esperto” e desafia forças “demasiado poderosas”.
“Era um rapaz adorável, muito sensível, bom para os animais, sossegado e com um sentido de humor perverso, lembra a progenitora, em entrevista ao australiano Herald Sun.
Fala sem pressas, como se escolhesse cada palavra cuidadosamente, e não se deixa perturbar por discussões. Segundo o próprio, é capaz de entrar no sistema informático mais sofisticado do mundo. Mas é provável que se esqueça de comparecer a uma entrevista ou que a cancele à última hora. Na Austrália, já foi acusado 31 vezes por crimes informáticos, mas acabou por pagar sempre só uma pequena quantia de indemnização, de acordo com a New Yorker.
Ele se considera o grande divulgador da “verdade”, porém tenta escapar dela. Assange, o responsável pela divulgação de mais de 250 mil documentos da diplomacia americana, é um homem inquieto e um tanto estranho.
Conhecido menos por seus textos e mais pelo trabalho como hacker, o jornalista australiano, de 39 anos, resolveu criar, em 2006, uma organização para comunicar o que acreditava ser incomunicável.
O Wikileaks seria um espaço virtual para funcionar como caixa postal para fontes anónimas. Por publicar segredos, conseguiu uma legião de fãs e um grupo ainda maior de críticos.
Assange ganhou notoriedade em Julho e Outubro, quando documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão e no Iraque foram divulgados pelo site. Além disso, acumulou admiradores quando denunciou a operação de detenção em Guantánamo, revelou a conta de e-mail pessoal de Sarah Palin - a musa da direita republicana nos Estados Unidos - e trouxe à tona execuções ilegais no Quénia. Por essa última iniciativa, ganhou um prémio da Anistia Internacional.
O comunicador de segredos de Estado às vezes assume o papel de líder, mas em outros momentos prefere se
esconder. Nos últimos meses, tornou-se paranóico e preocupado com a própria segurança.
Depois da divulgação de telegramas da diplomacia norte-americana, passou a ser um fugitivo procurado pela Interpol - mas por um caso de abuso sexual.
O jornalista australiano costuma ocultar informações quando fala sobre si mesmo ou sobre seus projectos. Mas com o interesse da media, depois do Wikileaks, a sua história começou a tomar forma.
Assange tem causado certos embaraços entre diplomatas do mundo todo. Este ano pisou violentamente nos calos do governo norte-americano, ao disponibilizar relatórios sobre crimes de guerra cometidos por soldados americanos na Guerra do Afeganistão e do Iraque.
As intenções do dono do Wikileaks são desconhecidas, sendo que alguns o consideram um “lutador pela liberdade” e outros um “oportunista mentiroso”. O próprio alega ser um defensor da verdade, e que publica em busca de maior transparência entre políticos e cidadãos.
O que se sabe é que Assange mostrou ter poder para abalar a “Nova Ordem Mundial”. Em entrevista, declarou que o publicado no site é apenas a ponta do iceberg. Se a ponta causou grandes problemas para muitos governos, o resto poderia certamente trazer um ‘Juízo Final’ na esfera política.
Julian também mostrou ter o apoio de muitos em diferentes países, após o ataque de hackers a sites que o tenham prejudicado de alguma forma. Com isso, inaugura-se um novo tipo de guerra, não mais em terra solo e mar, mas no ciberespaço.

Fonte: SAVANA in Diário de um sociólogo - (31.12.2010)

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