O Aeroporto de Nacala inaugurado com muita pompa em Dezembro de 2014, pelo Presidente Armando Emílio Guebuza, cumpre a sina que lhe estava destinada: é mais “elefante branco” que custou centenas de milhões de dólares em dívidas para o povo mas que não serve a maioria dos moçambicanos e ainda contribui para a situação de falência técnica da estatal Aeroportos de Moçambique.
O terminal é um lugar amplo, bem iluminado e agradável, não cheira a novo mas tem ainda várias áreas que nunca foram usadas, não comparável com nenhuma infra-estrutura similar em Moçambique. Não foi por acaso que foi laureado pela prestigiada publicação norte-americana Engineering News-Record como o melhor projecto de engenharia do ano na categoria Aeroportos.
A pista com mais de 3 mil metros de comprimento parece estar impecável e, de acordo com o Instituto da Aviação Civil de Moçambique obedece a todos os requisitos para operar voos internacionais, daí a certificação que aconteceu a 16 de Dezembro de 2015, o que faltam é aviões para nela aterrarem.
Dois anos após a majestosa inauguração o aeroporto construído no município de Nacala pela empresa brasileira Odebrecht, por 216,5 milhões de dólares norte-americanos, continua a receber apenas aeronaves que fazem voos domésticos, na sua maioria da companhia de bandeira nacional que efectua apenas três voos por semana, com um ocupação que nos melhores dias ronda a metade, longe de fazerem passar pela aerogare o meio milhão de passageiros que se projectou anualmente.
O custo da infra-estrutura - créditos comerciais do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico do Brasil(BNDES) e o restante pelo Standard Bank com a Garantia do Estado -, representa grande parte da dívida acumulada pela empresa estatal Aeroportos de Moçambique que está, de acordo com o seu recente relatório e contas, numa situação de falência técnica.
“O nosso aeroporto tem condições únicas, ele diminuiu duas horas de tempo para qualquer ponto do mundo”
A solução do Governo de Filipe Nyusi para alegadamente rentabilizar o Aeroporto de Nacala foi admitir a sua incapacidade para gerir uma infra-estrutura que o seu antecessor criou, sem nenhum plano de viabilidade realista, e agora pretende fazer uma concessão a um operador privado que consiga transformar o Aeroporto numa conexão aeroportuária para receber voos internacionais e distribuir para os destinos finais. Uma ideia mirabolante de quem se propõe ainda a tirar o tráfego internacional da cidade de Nampula.
“Tenho informação que o Governo de Moçambique a nível central está a procura de um parceiro para entregar a gestão deste aeroporto para rentabilizar. O nosso aeroporto tem condições únicas, ele diminuiu duas horas de tempo para qualquer ponto do mundo. Quando nós vamos para Nairobi voltamos a passar por cima de Nacala para ir a qualquer ponto então a competitividade deste aeroporto vai ser maior, penso eu que os preços também serão bonificados”, explicou ao @Verdade Rui Chong Saw, o presidente do Município de Nacala.
Tanto Rui Chong Saw, como os gestores do sector de transportes e comunicações, e da aeronáutica moçambicana, parecem não perceber do sector que dirigem. Será por magia que se transforma Nacala numa porta de entrada do estrangeiro para onde? Esses passageiros intercontinentais virão a Nampula para turismo, ou para conexão para as restantes províncias? E as ligações a partir de Nacala serão feitas por via aérea pagando as proibitivas tarifas que as Linhas Aéreas de Moçambique praticam ou pelas estradas de fraca qualidade que ligam o nosso País?
Fonte: @Verdade – 13.12.2016
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