O Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE) considerou hoje que o país vive uma situação de "quase guerra", apontando a circulação em colunas militares e a concentração do exército governamental no centro do país.
Em conferência de imprensa para o anúncio do lançamento este mês do livro "Desafios para Moçambique 2013", uma coletânea de 16 artigos de pesquisa elaborados por 23 autores, o diretor do IESE defendeu a necessidade de um entendimento entre a classe política nacional e a pressão da sociedade civil, para que o país não resvale para uma nova guerra.
"Estamos a viver uma situação de guerra embrionária, porque para circular numa parte do país só com colunas militares. É uma situação de quase guerra: assiste-se à concentração de forças policiais e militares governamentais na região centro, bem como a ações de perseguição e destruição de acampamentos onde estariam instalados ex-guerrilheiros da Renamo", afirmou Luís Brito.
As forças de defesa e segurança moçambicanas têm-se envolvido em confrontos com homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido da oposição, no centro do país, região de forte influência do movimento, onde o seu líder, Afonso Dhlakama, se reinstalou em finais do ano passado.
Afonso Dhlakama regressou à Serra da Gorongosa, onde funcionaram as antigas bases militares da Renamo, em protesto contra a alegada governação ditatorial da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Segundo Luís Brito, o país chegou a uma situação de "quase guerra" porque não foram resolvidos os litígios eleitorais entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) e a Renamo, uma vez que o principal partido da oposição nunca reconheceu as vitórias eleitorais do partido no poder e não concorda com a atual lei eleitoral.
"Temos jogadores (Frelimo e Renamo) que não se entendem sobre as regras do jogo. Várias análises alertaram sobre essa situação, mas não houve uma pressão suficiente para que houvesse uma transformação em direção a uma lei eleitoral que fosse aceite por todos", enfatizou Luís Brito.
O académico referiu-se igualmente à decisão do principal partido da oposição de não participar nas eleições autárquicas de 20 de novembro, caso não haja uma mudança na lei eleitoral, considerando a medida como "prejudicial para o sistema político moçambicano", mas também um "erro" da Renamo.
"Se a Renamo não participa, será um sinal de crise do sistema político moçambicano, mas provavelmente um erro para a Renamo, porque as eleições autárquicas têm permitido alternância política em vários municípios", frisou Luís Brito.
Fonte: LUSA: 03.09.2013
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