Mouzinho de Albuquerque
Embora cada um de nós possa ter a sua idiossincrasia social, política, cultural e doutra índole, a verdade é que já se tem, se está tendo e sempre se terá, a convicção de que é efectivamente necessária, em qualquer país, sobretudo de pluralidade democrática, uma massa crítica de académicos, líderes comunitários, jornalistas, enfermeiros, jogadores e outros.
Massa crítica que possa fazer importantes e indispensáveis reparos disto ou daquilo, na perspectiva de também contribuir para o desenvolvimento, embora em algum momento possa não ser suficientemente compreendida, por parte, sobretudo, do poder constituído ou das elites políticas. Aliás, cada país tem formas próprias de gerir a sua massa crítica.
Todavia, é necessária massa crítica que faça com que igualmente os povos olhem com esperança o futuro dos seus países, consolidando os seus processos democráticos com o envolvimento deles próprios. Como está dito, para isso é preciso que a avaliação crítica feita por essa massa seja suficientemente entendida. Só assim é que não teremos mortes, por exemplo, de jornalistas, políticos, empresários, académicos e outros cidadãos alegadamente considerados críticos acérrimos aos poderes instituídos.
Falando do nosso caso particular, dizer que até há relativamente pouco tempo uma figura relevante na política nacional muito conhecida cá na capital do norte disse que o mais importante é que essa massa soubesse encontrar formas de crítica racional, compatível com os tempos de hoje, logo consciente, que nos deixasse bem entendidos de que, de facto, precisamos de um país de cidadãos, exercendo os seus deveres e seus direitos, muito atentos e participativos.
A crítica é necessária para o nosso país. Porém, estar sempre a criticar de forma recorrente isto ou aquilo é um facto que não agrada a muitos moçambicanos, por não fazer qualquer sentido, pelo menos agora em que o país precisa muito de enaltecer os feitos e os progressos visíveis alcançados em diversas áreas, fruto do empenho do Governo liderado pelo Presidente Armando Guebuza, cujo mandato está quase no fim. Disse que era óbvio que o seu pronunciamento pretendia suscitar debate pertinente sobre a contribuição dos críticos deste país para o desenvolvimento da nação.
Na realidade, vai sendo tempo de aproveitarmos o que há de bom da nossa massa crítica, evitando semear ódios e incompreensões políticas que provocam, inevitavelmente, conflitos na sociedade. É nessa perspectiva que esperamos que com a crítica racional não se crie a ideia de impunidade e que é possível e fácil triunfar rápido na vida neste país sem trabalhar, isto é, envolvendo-se em esquemas de corrupção. Precisamos da massa crítica para a consolidação da unidade nacional e exaltação dos êxitos que a pátria conseguiu alcançar depois de ter sofrido destruições durante a guerra.
Também precisamos de massa com um espírito crítico frontal, claro, se o justificar, sobre aquilo que vai mal na nossa sociedade. É verdade que um bom crítico não é aquele que em tudo dá a sua opinião sem saber, às vezes, de que fala, mas é indispensável reconhecer que as reflexões acerca das contribuições da massa crítica são muito importantes e devem ser enriquecidas, no sentido de se enfatizar de que há críticas construtivas e destrutivas.
Fonte: Jornal Notícias - 19.09.2013
Sem comentários:
Enviar um comentário