O projecto-piloto
de construção de mais de 450 casas no bairro de Nhamaiabwe, arredores da cidade
do Dondo, em Sofala, sobretudo para jovens e funcionários, lançado em 2009 pelo
então ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, falhou, e o
Fundo de Fomento de Habitação (FFH) afirma, hoje, estar indisponível para
devolver avultadas somas monetárias que encaixou na cobrança de cada talhão
entre 15 e 20 mil meticais.
Três
anos depois, os concorrentes daquele projecto se sentem, pura e simplesmente,
burlados pelo próprio Estado, e não se vislumbra qualquer acção para a
reactivação do processo, sendo que os mesmos terrenos que tinham sido
demarcados encontram-se completamente invadidos por capim alto e arbustos.
Pelo facto da
Constituição da República defender o princípio de que a “Terra moçambicana
pertence a quem a trabalha”, a Assembleia Municipal do Dondo levantou-se na sua
recente XV sessão ordinária contra os mentores desta falcatrua que foram
chamados ao pódio para melhor se esclarecerem.
Os deputados
Ricardo Donco e Felisberto Cheiro foram unânimes ao descrever este procedimento
como uma pura aldrabice que data desde o segundo mandato daquela assembleia sem
sucesso. Com efeito, exigiram a devolução do terreno àquele município para
gestão interna do espaço, pois se regista no terreno maior demanda do espaço
físico.
Para o presidente
daquele órgão de poder local, Anselmo Mponda, a Política Nacional de
Habitação visa
combater a pobreza, não havendo motivos suficientes que justifiquem o abandono
destes talhões atribuídos pela edilidade ao FFH em que 80 por cento do espaço
foi pago pelos interessados sem qualquer benefício nem direito à resposta do
abandono do projecto.
“Já passam oito
anos depois de parcelamento e arruamento de mais de 450 talhões que integravam
o fornecimento das componentes de água e energia, mas não sabemos se este Fundo
de Fomento para Habitação não tinha fundos na altura, porque até agora não há
qualquer indicação de progresso deste projecto”- lamentou, tendo caracterizado
esta atitude como autêntica burla aos candidatos elegíveis.
Como não se
bastasse, em 2010, o Governo central lançou o projecto de construção de cem mil
casas no país, em que a autarquia do Dondo foi contemplada com 2500 que também
não tem qualquer desenvolvimento, cujos moradores exigem sua concretização o
mais cedo possível.
Sobre o assunto,
o delegado do FFH em Sofala, Gregório Atibo, indicou apenas que a reorganização
daquele sector baralhou a concretização dos projectos anteriores, decorrendo a
identificação de respectivos parceiros e financiadores. O governante não teceu
qualquer comentário sobre o destino do valor cobrado, quantidade nem
possibilidade de sua devolução aos legítimos concorrentes.
Contudo,
sustentou que o valor cobrado era ínfimo para construção de mais de 450
habitações que cuja empreitada consumiu mais de quatro milhões de meticais
somente na terraplanagem da área. Atibo foi ainda mais longe ao afirmar que tal
projecto foi concebido para ser suportado exclusivamente com crédito bancário
de baixa renda que, entretanto, se mostrou inviável por elevados juros, numa
altura em que, no seu dizer, os novos parceiros condicionam investir neste
projecto mediante à exibição dos concorrentes do título de Direito de Uso de
Aproveitamento da Terra (DUAT).
Contudo,
confirmou que dos mais de 450 talhões em causa, o FFH cobrou cada parcela de
450 metros quadrados o valor de 12.252,00 meticais e de 600 metros quadrados em
16.000,00 meticais contra, respectivamente 15.000,00 e 20.000,00 meticais que
apontam àqueles representantes do povo. Paradoxalmente, o valor máximo fixado
pelo Conselho Municipal do Dondo para a atribuição de cada talhão é de 4200,00
meticais.
Para o desfecho
do caso, Mponda reafirmou que o assunto voltará à mesa de discussão na próxima
XVI Sessão Ordinária da Assembleia Municipal do Dondo com todas as partes.
Fonte: Jornal
Notícias – 02.06.2012
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