Francisco Madeira, diplomata moçambicano encarregue pela União Africana do
'dossier' Joseph Kony, quer mais apoio dos países lusófonos no esforço para
capturar o 'senhor da guerra' ugandês e, em particular, as 'técnicas
anti-guerrilha' usadas contra UNITA e Renamo.
O diplomata falou à agência Lusa e Rádio ONU após uma conferência de Imprensa na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, onde deu conta do plano para reforçar em 5000 homens o contingente encarregue de capturar o fugitivo 'senhor da guerra', que se acredita estar refugiado num triângulo formado pelas fronteiras da República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Sul do Sudão, uma área do tamanho da França.
'Angola tratou com a UNITA, não quer dizer que a UNITA era o LRA [Exército de Libertação do Senhor], mas há técnicas que podem ser partilhadas', disse Madeira, ilustrando formas de que os países lusófonos podem apoiar o esforço internacional em curso.
'Moçambique tratou com outra rebelião, essas técnicas podem ser partilhadas, para ensinar a estas tropas que estão no terreno como é que se lida com uma guerrilha', adiantou o diplomata, representante do presidente da Comissão da União Africana para a Cooperação Antiterrorista.
Até agora, afirma, não houve contributos específicos dos países lusófonos, mas em breve haverá uma conferência internacional para recolher apoios.
Outra vertente do apoio, afirma, seria a assistência humanitária às populações afectadas, 'como gesto do seu engajamento para pôr fim a esta questão do LRA, que comete crimes inaceitáveis'.
'Este é um movimento mundial e é bom que os lusófonos não fiquem de fora, à margem de um movimento no qual todos os jovens, de todas as camadas sociais por toda a parte do mundo - particularmente desenvolvido - estão engajados', adiantou Madeira.
Considerado um dos mais sanguinários senhores da guerra de África, à frente de um exército de crianças-soldado que tem espalhado a violência pelo interior do continente e fugido a todas as tentativas de captura, Joseph Kony viu o seu caso ganhar notoriedade este ano com a campanha 'online' para o capturar, pela ONG Invisible Children.
Na véspera de um 'briefing' ao Conselho de Segurança por Francisco Madeira e pelo enviado especial para a África Central/LRA, Abou Moussa, a conferência de Imprensa serviu para apresentar a estratégia regional da ONU para o LRA.
Segundo Madeira, em meados de Julho estarão 'no terreno e operacionais' os primeiros contingentes de militares para a operação anti-LRA, com elementos do Uganda, Sul do Sudão e também da República Centro-Africana.
Segundo informações não confirmadas, citadas por Abou Moussa, Kony poderá estar no Darfur, contestada região do Sudão.
Madeira não está certo de que 2012 será o ano em que Kony será finalmente parado, como apelava a Insivible Children na sua campanha, mas considera sem precedentes a mobilização da comunidade internacional e em particular dos Estados Unidos.
'Há grande boa vontade e estamos agora à espera que parceiros de cooperação ponham à nossa disposição mais meios militares para que a acção das nossas tropas seja mais eficaz', afirmou.
(AIM)
FF
Fonte: AIM – 28.06.2012
Reflectindo: tanto quanto sei a boa experiência que Moçambique teve foi a
promoção de conversários/diálogo para a paz. Isso é o que Joaquim Chissano tentou
fazer e pode continuar a fazer se houver condições. Mas se há quem pensa que
tem um outro caminho, não era melhor que Moçambique o/s deixasse que procurar um
protagonismo?
1 comentário:
Comparar a situação de Moçambique com a de Joseph Kony è absurdo. Que tecnicas o diplomata se refere que foram usadas contra a Renamo?
Em Moçambique as forças governamentais não acabaram com a guerrilha a não ser que tenham-se rendido face avanço da guerrilha que quase ia tomar Maputo.
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